Roberto Pisani Marinho
(Rio de Janeiro/RJ, 03 de dezembro de 1904)
(Rio de Janeiro/RJ, 06 de agosto de 2003).
Roberto Marinho foi um jornalista e empresário brasileiro com atuação em jornalismo impresso, rádio e TV. Roberto Marinho era filho de Irineu Marinho Coelho de Barros e Francisca Pisani Barros Marinho e teve CINCO irmãos, Heloísa, Ricardo, Hilda, Helena (que morreu com UM ano de idade) e Rogério. Roberto Marinho fez os estudos primários em escolas públicas e depois estudou na “Escola Profissional Sousa Aguiar” e nos “Colégios Anglo-Brasileiro”, “Paula Freitas” e “Aldridge”, onde concluiu o ensino secundário. Ainda muito jovem, Roberto Marinho participou do movimento tenentista, mais especificamente da primeira revolta. Roberto Marinho foi proprietário do “Grupo Globo” e um dos homens mais poderosos e influentes do país no século XX. Seu empreendedorismo levou à constituição de um dos maiores impérios de comunicação do planeta e o fez figurar diversas vezes entre os homens mais ricos do mundo. Com sua família atrelada ao jornalismo, Roberto Marinho herdou ainda jovem o jornal “O Globo”, fundado pelo pai. Roberto Marinho começou a formar o conglomerado de veículos de comunicação, mais tarde chamado “Organizações Globo” (atualmente “Grupo Globo”) com a inauguração da “Rádio Globo” e a primeira concessão pública de TV no Rio de Janeiro. Com o tempo, Roberto Marinho adquiriu outras emissoras e formou o “Sistema Globo de Rádio”, do qual faz parte a Rede “CBN”. Roberto Marinho inaugurou a TV Globo no Rio de Janeiro que veio a se tornar a maior rede de TV brasileira com uma estrutura de NOVE MIL E SEISCENTOS funcionários, CINCO emissoras, CENTO E DEZESSETE afiliadas e abrangência de NOVENTA E OITO por CENTO no país. Além de sua atuação como jornalista e empresário, Roberto Marinho promoveu, através das empresas Globo, projetos de responsabilidade social como “Ajude Uma Criança a Estudar”, “Criança Esperança”, “Quem Lê Jornal Sabe Mais”, “Projeto Aquarius”, “Amigos da Escola” e “Ação Global”. Fã de esportes, Roberto Marinho praticou automobilismo, hipismo e caça submarina ao longo da vida. Também ligado às artes, Roberto Marinho foi um grande colecionador de obras, tendo patrocinado algumas exposições com seu grande acervo. Roberto Marinho publicou seu único livro, "Uma Trajetória Liberal", em e se candidatou e foi eleito membro da “Academia Brasileira de Letras”. O magnata se dedicou ainda a “Fundação Roberto Marinho”, organização de apoio a iniciativas educacionais criada por ele. Seu pai, um jornalista renomado fundou os jornais "A Noite" e "O Globo". Aos VINTE anos, Roberto Marinho começou sua carreira profissional como repórter e secretário particular do pai que, porém, morreu pouco tempo depois, vítima de um ataque cardíaco. Na época, Roberto Marinho se achava pouco experiente para assumir a direção do jornal e deixou que o colaborador e experiente jornalista Euclydes de Matos ocupasse o cargo de diretor-redator-chefe, enquanto ele continuava seus aprendizados como copidesque e redator-chefe do jornal “O Globo”. Com a morte de Euclydes de Mattos, Roberto Marinho assumiu aos VINTE E SEIS anos, o cargo de diretor-redator-chefe do jornal “O Globo”. No “Golpe de 1930”, "O Globo" apoiou o governo de Getúlio Vargas e a “Revolução Constitucionalista”, sempre adotando uma posição política e editorial cautelosa, que fez do combate ao comunismo uma de suas marcas. Embora seu jornal tenha feito restrições ao golpe que gerou o “Estado Novo”, Roberto Marinho manteve uma relação próxima com Getúlio Vargas, percorrendo os mais altos escalões do poder e utilizando seu jornal para defender as ações do governo ditatorial e se beneficiar política e economicamente, além de ter participado do “Conselho Nacional de Imprensa”, então ligado ao “Departamento de Imprensa e Propaganda”, órgão estatal responsável pela censura a jornais. No início da “Segunda Guerra Mundial”, Roberto Marinho se manifestou contrário à posição de neutralidade adotada pelo governo brasileiro e se mostrava alinhado com os aliados. Depois do Brasil se alinhar às forças aliadas, Roberto Marinho concedeu ampla cobertura à atuação da “Força Expedicionária Brasileira”, lançando ainda o tabloide "O Globo Expedicionário". Roberto Marinho deu um passo na expansão do seu conglomerado de mídia ao comprar a “Rádio Transmissora” da “RCA Victor” e transformá-la na “Rádio Globo” do Rio de Janeiro, sua primeira emissora de radiodifusão. Com o final da guerra e a crise política, Roberto Marinho tomou posição a favor da redemocratização do Brasil e apoiou pessoalmente o brigadeiro Eduardo Gomes, candidato da “União Democrática Nacional - UDN”, nas eleições presidenciais, embora tenha mantido seu jornal numa posição de neutralidade durante a campanha presidencial, uma vez que Roberto Marinho havia mantido boas relações com Vargas e com Eurico Gaspar Dutra. Apesar da derrota do seu candidato predileto, Roberto Marinho colocou seu jornal a serviço do “Governo Dutra”, apoiando suas ações no “Palácio do Catete”. Nas eleições seguintes, Roberto Marinho apoiou novamente Eduardo Gomes, da “UDN”, mas Getúlio Vargas foi o vencedor do pleito. Inicialmente, as “Organizações Globo” adotaram um tom crítico moderado ao novo “Governo Vargas”, mas depois passou a ser forte oposição. O jornal "O Globo" fez campanha contra a criação da “Petrobrás” e a “Rádio Globo” se tornou porta-voz de ferrenhos opositores ao presidente, entre os quais Carlos Lacerda, que quase diariamente usava os microfones da emissora para atacar o governo. O tom inflamado de Lacerda contra Vargas levou Roberto Marinho preocupado com as transmissões que estavam desagradando muito ao governo. Após o desfecho trágico do “Governo Vargas”, Juscelino Kubitschek, eleito presidente, recebeu oposição moderada de Roberto Marinho, que acabou beneficiado com sua primeira concessão pública para um canal de TV, a TV Globo Rio de Janeiro. Na eleição seguinte, Roberto Marinho apoiou Jânio Quadros, que acabou vencedor, mas discordava da política externa independente janista e se decepcionou com a sua renúncia em pouco menos de SETE meses de governo. Inicialmente tolerante com o sucessor João Goulart, Roberto Marinho logo passou a conspirar para derrubar o novo presidente, colocando seus veículos à disposição da oposição e apoiando o movimento militar que culminou no “Golpe Militar”. Foi durante o regime militar que Roberto Marinho deu um salto na expansão de seus negócios ao inaugurar a TV Globo Rio de Janeiro. Roberto Marinho adquiriu uma nova concessão, a TV Paulista que viria a ser a TV Globo São Paulo. Roberto Marinho conseguiu a concessão de Belo Horizonte e que viria a ser TV Globo Minas. Depois, Marinho conseguiu mais DUAS concessões em Brasília e Recife, dando início a “Rede Globo de Televisão”. Como na época não possuía o capital necessário para o novo empreendimento, Roberto Marinho firmou DOIS acordos com o grupo norte-americano “Time-Life”: um de assistência técnica e outro de joint venture, que seria base para um acordo societário na produtora de programas. Na ocasião, o grupo americano repassou um adiantamento financeiro para investimentos em troca de QUARENTA E NOVE por CENTO de participação no negócio. O contrato de assistência técnica vigorou efetivamente. Porém a parte que tinha joint venture na produção de programas, nunca se realizou. Com o dinheiro adiantado para isso, a “Time-Life” comprou o prédio e cobrava aluguel da TV Globo. Com a decisão da TV Globo de não seguir com a joint venture, o prédio foi solicitado como garantia e através de um empréstimo, Roberto Marinho recomprou o prédio e encerrou o contrato de assistência técnica com a “Time-Life”. A “Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI” criada para investigar a constitucionalidade do acordo entre Globo e “Time-Life”, presidida pelo deputado Roberto Saturnino Braga com o deputado Djalma Marinho como relator, deu parecer desfavorável à Globo. Com o declínio das concorrentes Tupi e Excelsior e a colaboração com a ditadura militar, a TV Globo ganhou rapidamente projeção nacional. Além da força da emissora de Televisão e de ter "O Globo" entre os jornais mais vendidos do Rio de Janeiro e a “Rádio Globo” líder de audiência carioca, Roberto Marinho diversificou suas atividades empresarias com fazendas de gado, centros comerciais e uma das maiores coleções de arte na América do Sul. Roberto Marinho foi criticado no documentário britânico “Beyond Citizen Kane” (“Muito Além do Cidadão Kane”) por seu poder e papel na fundação da TV Globo e vínculos com a ditadura militar no período. A TV Globo foi à Justiça para impedir a liberação e exibição do filme no Brasil, mas que se tornou viral na internet após a virada do século XXI. A Rede Record comprou o documentário e passou a divulgar trechos. O Globo reconheceu, através de um texto publicado em seu site, que o apoio ao golpe de 1964 foi um erro. O texto acompanhou a publicação do projeto "Memória" que recuperou os OITENTA E OITO anos de história do jornal “O Globo”. Roberto Marinho investiu na criação do complexo de estúdios “Projac” (Projeto Jacarepaguá), que mais tarde passou a ser chamado de “Estúdios Globo”. Conhecido também como “Central Globo de Produção” é considerado o maior centro de produções da América Latina, com DEZ estúdios, fábrica de cenários, efeitos especiais, confecção e acervo de figurino, cidades cenográficas e centro de pós-produção. Roberto Marinho lançou a “Globosat”, que começou operando com quatro canais, GNT, Multishow, Telecine e Top Sport que, passou tempos depois a se chamar SporTV. A TV Globo foi acusada de tentar impedir a vitória de Leonel Brizola para o governo do Rio de Janeiro, no episódio conhecido como “Caso Proconsult”. Brizola ganhou na Justiça Brasileira o direito de resposta e Cid Moreira teve que ler o seguinte texto no “Jornal Nacional”, "Tudo na Globo é tendencioso e manipulado", teve de afirmar o locutor. Com o ocaso da ditadura militar e a derrota do movimento pelas “Diretas Já”, Roberto Marinho passou a apoiar moderadamente a candidatura de Tancredo Neves contra Paulo Maluf, candidato do governo militar. Roberto Marinho manteve sua influência no governo herdado por José Sarney, tendo conseguido mais QUATRO concessões públicas de televisão e até mesmo indicado os ministros Leônidas Pires Gonçalves (Exército) e Antonio Carlos Magalhães (Comunicações) e influído na escolha de titulares da área econômica, como Maílson da Nóbrega. Roberto Marinho apoiou Fernando Collor de Mello. Um episódio marcante na campanha eleitoral foi o último debate televisivo entre Collor e Lula no segundo turno, transmitido ao vivo pela “Rede Globo”, que foi bastante disputado entre os DOIS candidatos. No entanto, no “Jornal Nacional”, apresentou uma edição francamente favorável a Collor. A parcialidade da TV Globo conseguiu influenciar boa parte dos eleitores que ainda estavam indecisos às vésperas daquela disputada eleição. Roberto Marinho apoiou Fernando Collor, quando a campanha pela sua destituição já havia sido encampada por grande parte da sociedade brasileira. Roberto Marinho apoiou as campanhas de Fernando Henrique Cardoso. Roberto Marinho passou a cuidar pessoalmente de sua sucessão nas “Organizações Globo”, compartilhando com os filhos as responsabilidades na direção mesmo seguindo no comando do conglomerado. Mas com a saúde já debilitada, Roberto Marinho participava cada vez menos das atividades de suas empresas. Católico, Roberto Marinho se opunha à ”Teologia da Libertação” o que lhe rendeu intensos debates com o seu colega Dom Hélder Câmara. Roberto Marinho disputou a sua primeira prova automobilística com o carro “Voisin” na corrida do “Quilômetro Lançado”, na estrada de Petrópolis. Roberto Marinho começou a participar de provas hípicas. Conquistou sua primeira vitória hípica montando o cavalo (Arisco) no “Clube Hípico Fluminense” e venceu a prova “Páreo de Amadores” no “Hipódromo da Gávea” com o cavalo uruguaio (Plumazo). Roberto Marinho obteve o recorde brasileiro de salto com o cavalo (Joá). Roberto Marinho sofreu um acidente hípico e fraturou TRÊS costelas, mas venceu QUATRO meses depois a prova “General Lindolpho Ferraz” na “Sociedade Hípica Brasileira” com o cavalo (Tupã). Roberto Marinho conquistou a prova “Cinco Tríplices-General Mário Vital Guadalupe Montezuma” no “Centro Hípico de Exército” com o cavalo (Laborioso). Roberto Marinho começou a praticar a caça submarina mergulhando regularmente até os OITENTA anos. Roberto Marinho Conheceu Cândido Portinari de quem se tornou amigo e de quem comprou os quadros "Floresta" e "Circo" iniciando UMA coleção de obras de arte e organizou a exposição “Seis Décadas de Arte Moderna na Coleção Roberto Marinho” e a exposição “Arte Moderna Brasileira - Uma Seleção da Coleção Roberto Marinho”. Roberto Marinho criou a “Fundação Roberto Marinho”, organização que apoia iniciativas educacionais como “Telecurso”, “Globo Ciência” e “Globo Ecologia”. Em parceria com empresas privadas, a “Fundação” viabilizou o “Canal Futura” a primeira TV educativa totalmente financiada pela iniciativa privada. Em parceria com Francisco Pinto Balsemão, Roberto Marinho lançou a “Sociedade Independente de Comunicação”. Roberto Marinho o prêmio de “Personalidade do Ano” em Televisão (“Emmy”), concedido pela “Academia Nacional de Televisão, Artes e Ciências” dos Estados Unidos. O artista Gilmar Pinna na exposição itinerante de bustos gigantes, "Retratos da Vida" tem como uma das peças o Roberto Marinho. No governo de Juscelino Kubitschek, Roberto Marinho foi chanceler e grã-cruz da “Ordem Nacional do Mérito”. Roberto Marinho foi casado com Stella Goulart Marinho com quem teve QUATRO filhos, Roberto Irineu, Paulo Roberto (morto num acidente de carro em 1970), João Roberto e José Roberto Marinho, foi casado com Ruth de Albuquerque Marinho e estava casado com Lily de Carvalho Marinho. Roberto Marinho deixou DOZE netos e SETE bisnetos. Roberto Marinho morreu vítima de embolia pulmonar.