Zélia Gattai Amado de Faria
(São Paulo/SP, 02 de julho de 1916)
(Salvador/BA, 17 de maio de 2008).
Zélia Gattai foi uma escritora, fotógrafa e memorialista (como ela mesma preferia denominar-se) brasileira, tendo também sido expoente da militância política nacional durante quase toda a sua longa vida, da qual partilhou cinquenta e seis anos casada com o também escritor Jorge Amado, até a morte deste. Filha dos imigrantes italianos Angelina e Ernesto Gattai, Zélia era a caçula de cinco irmãos. Zélia participava, com a família, do movimento político-operário anarquista que tinha lugar entre os imigrantes italianos, espanhóis, portugueses, no início do século XX. Aos vinte anos, Zélia casou-se com Aldo Veiga. Deste casamento, que durou oito anos, teve um filho, Luís Carlos, nascido na cidade de São Paulo.Zélia conheceu o escritor Jorge Amado, de quem era uma entusiasta leitora, quando ambos trabalhavam no movimento pela anistia dos presos políticos. Zélia passou a trabalhar com Jorge revisando e datilografando os originais de seus livros. Nessa época ela foi morar com ele no Rio de Janeiro e Jorge Amado foi eleito para a “Câmara Federal”. Com a eleição de Jorge Amado, o casal se mudou para o Rio de Janeiro, onde nasceu o filho João Jorge. Tempos depois, com o “Partido Comunista” declarado ilegal, Jorge Amado perdeu o mandato, e a família teve que se exilar na Europa. Viveram em Paris por três anos, período em que Zélia Gattai fez os cursos de civilização francesa, fonética e língua francesa na Sorbonne. A família viveu na Tchecoslováquia, onde nasceu a filha Paloma. Foi neste tempo de exílio que Zélia Gattai começou a fazer fotografias, tornando-se responsável pelo registro, em imagens, de cada um dos momentos importantes da vida do escritor baiano. Zélia e Jorge voltam para o Brasil e foram morar no Rio de Janeiro por oito anos, até se mudarem de vez para para a casa do Rio Vermelho em Salvador, na Bahia. Aos sessenta e três anos de idade, Zélia Gattai começou a escrever suas memórias. O livro de estreia, “Anarquistas, Graças a Deus”, ao completar vinte anos da primeira edição, já contava mais de duzentos mil exemplares vendidos no Brasil. Por esse livro, Zélia Gattai ela recebeu o “Prêmio Paulista de Revelação Literária”. Sua obra é composta de nove livros de memórias, três livros infantis, uma fotobiografia e um romance. Alguns de seus livros foram traduzidos para o francês, o italiano, o espanhol, o alemão e o russo. Seu livro “Anarquistas, Graças a Deus” foi adaptado por Walter George Dürst adaptado para minissérie pela Rede Globo e teve direção de Walter Avancini e “Um Chapéu Para Viagem” foi adaptado para o teatro. Zélia Gattai recebeu os títulos de “Cidadã da Cidade do Salvador”, “Cidadã de Honra da Comuna de Mirabeau” (na França) o grau de “Comendadora da Ordem das Artes e das Letras”, do governo Francês, a “Ordem do Mérito da Bahia” e o grau de “Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique” de Portugal. A prefeitura de Taperoá, no estado da Bahia, homenageou Zélia Gattai dando o nome da escritora à sua “Fundação de Cultura e Turismo”. Zelia Gattai foi eleita para a “Academia Brasileira de Letras” ocupando a famosa “Cadeira nº 23”, antes ocupada por Machado de Assis, Jorge Amado e que tinha tido como patrono, José de Alencar. Zelia Gattai foi amiga de personalidades e gente simples. Ao longo da exstensa vida, Zelia Gattai recebeu outros diversos prêmios e homenagens. Zelia Gattai morreu de insuficiência renal.