Rachel de Queiroz
(Fortaleza/CE, 17 de novembro de 1910)
(Rio de Janeiro/RJ, 04 de novembro de 2003).
Rachel de Queiroz foi uma tradutora, romancista, escritora, jornalista, cronista prolífica e importante dramaturga brasileira. Autora de destaque na ficção social nordestina, Rachel foi a primeira mulher a ingressar na “Academia Brasileira de Letras” e a primeira mulher galardoada com o “Prêmio Camões”. Rachel ingressou na “Academia Cearense de Letras” na ocasião do centenário da instituição. Rachel era filha de Daniel de Queiroz Lima e Clotilde Franklin de Queiroz, descendente pelo lado materno da família de José de Alencar. Após uma grande seca, Rachel se muda com seus pais para o Rio de Janeiro e logo depois para Belém do Pará e dois anos depois, de novo, para Fortaleza. Rachel de Queiroz concluiu o curso normal no “Colégio da Imaculada Conceição”. Rachel estreou na imprensa no jornal “O Ceará”, após escrever uma carta ridicularizando o concurso “Rainha dos Estudantes”, promovido pela publicação. A reação foi tão boa que o diretor do jornal, Júlio Ibiapina, a convidou para colaborar com a publicação. Curiosamente, quando lecionava no colégio “Imaculada Conceição”, Rachel de Queiroz acabou vencendo o mesmo concurso escrevendo crônicas e poemas de caráter modernista sob o pseudônimo de Rita de Queluz. No mesmo ano lançou em forma de folhetim o primeiro romance, “História de um Nome”. Aos dezenove anos, ficou nacionalmente conhecida ao publicar “O Quinze”, romance que mostra a luta do povo nordestino contra a seca e a miséria. Demonstrando preocupação com questões sociais e hábil na análise psicológica de seus personagens, Rachel se destaca no desenvolvimento do romance nordestino. A obra foi escrita quando a autora contraiu uma congestão pulmonar e, com suspeita de tuberculose, foi obrigada a ficar em repouso. Durante esse tempo escreveu o romance, escondida, à noite. Rachel de Queiroz começou a se interessar em política social ao ingressar no que restava do “Bloco Operário Camponês” em Fortaleza, formando o primeiro núcleo do “Partido Comunista Brasileiro”. Rachel de Queiroz começou a dissentir da direção e se aproximou de Lívio Xavier e de seu grupo em São Paulo, lá indo morar. Rachel militou com Aristides Lobo, Plínio Mello, Mário Pedrosa, Lívio Xavier, se filiando ao sindicato dos professores de ensino livre, controlado naquele tempo pelos trotskistas. Para fugir da perseguição por ser esquerdista, Rachel se mudou para Maceió, durante o “Estado Novo” e viu seus livros serem queimados junto com os de Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos sob a acusação de serem subversivos. Quando já era uma escritora consagrada, Rachel se mudou para o Rio de Janeiro e foi agraciada com o “Prêmio Felipe d'Oliveira” pelo livro “As Três Marias”. Rachel de Queiroz escreveu ainda “João Miguel”, “Caminhos de Pedras“ e “O Galo de Ouro”. Aos poucos, Rachel foi mudando de posicionamento político. Chegou a ser convidada para ser ministra da Educação por Jânio Quadros. Rachel de Queiroz apoiou a ditadura militar que se instalou no Brasil, integrou o conselho federal de cultura e o diretório nacional da “ARENA”, partido político de sustentação do regime. Rachel de Queiroz lançou “Dôra, Doralina” e depois “Memorial de Maria Moura”, saga de uma cangaceira nordestina adaptada para a televisão numa minissérie apresentada pela TV Globo. A minissérie foi exibida no Brasil e depois vendida para Angola, Bolívia, Canadá, Guatemala, Indonésia, Nicarágua, Panamá, Peru, Porto Rico, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela e depois foi lançada em DVD. Rachel de Queiroz publicou um volume de memórias, transforma a sua "Fazenda Não Me Deixes", propriedade localizada em Quixadá, estado do Ceará, em reserva particular do patrimônio natural. Rachel de Queiroz teve outras obras de sua autoria adaptadas para a TV, para o cinema e para o teatro, como “As Três Marias” ou “A Beata Maria do Egito”, dentre outras Rachel de Queiroz escreveu, durante trinta anos, crônicas para a revista semanal “O Cruzeiro” e com o fim desta para o jornal “O Estado de S. Paulo”. Também se encontra colaboração da sua autoria na revista luso-brasileira “Atlântico”. Um mês depois de sua morte, foi lançado na “Academia Brasileira de Letras” o livro “Rachel de Queiroz”, um perfil biográfico da escritora, fruto de uma longa pesquisa realizada pela jornalista Socorro Acioli, publicado pelas “Edições Demócrito Rocha”. Sua biografia foi narrada no livro “No Alpendre Com Rachel”, de autoria de José Luís Lira, lançado na “Academia Brasileira de Letras” poucos meses antes do falecimento da escritora. Rachel de Queiroz morreu, no seu apartamento, vítima de problemas cardíacos.