Maria Ruth dos Santos Escobar      

(Porto/PORTUGAL, 31 de março de 1935)      

(São Paulo/SP, 05 de outubro de 2017).

Ruth Escobar foi uma atriz e produtora cultural luso-brasileira. Ruth Escobar se tornou uma atriz de destaque e uma das mais importantes produtoras culturais do Brasil, além de destacada personalidade do teatro brasileiro, empreendedora de muitos projetos culturais especialmente comprometidos com a vanguarda artística. Nascida na cidade do Porto, norte de Portugal, numa família pobre, emigrou com sua mãe, Marília do Carmo, para o Brasil. Ruth Escobar se casou com o filósofo e dramaturgo Carlos Henrique Escobar e juntos partiram para a França, onde Ruth fez cursos de interpretação. Ao retornar ao Brasil, Ruth Escobar montou companhia própria, a “Novo Teatro”, em parceria com o diretor Alberto D'Aversa. Ruth Escobar protagonizou “Antígone América”, texto de seu marido, após algumas experiências de palco, como “Mãe Coragem e Seus Filhos” de Bertolt Brecht e “Males da Juventude” de Ferdinand Bruckner, ambas dirigidas por D'Aversa. Ruth Escobar estreia “Antígone América” no mesmo ano em que seu casamento com Carlos Henrique Escobar se desfaz. Ao mesmo tempo começa a reunir recursos para financiamento do seu teatro.  Ruth Escobar decide fazer teatro popular e adapta um ônibus, transformando-o em palco, para levar espetáculos à periferia de São Paulo - iniciativa que recebeu o nome de “Teatro Popular Nacional”. Por essa nova experiência teatral passaram Antônio Abujamra, que dirigiu “A Pena e a Lei” de Ariano Suassuna e Silnei Siqueira, que encenou “As Desgraças de Uma Criança” de Martins Pena, entre outros. As atividades do “Teatro Popular Nacional” anos depois. Ruth Escobar inaugurou seu próprio teatro, que recebeu o seu nome, situado no bairro da Bela Vista, na cidade de São Paulo. Entre outras, são encenadas em seu teatro a “A Ópera dos Três Vinténs” de Bertolt Brecht e Kurt Weill, com direção de José Renato , “O Casamento do Sr. Mississipi” de Dürrenmatt, dirigida por Jô Soares, “As Fúrias” de Rafael Alberti, encenação de Antônio Abujamra "O Versátil Mr. Sloane” de Joe Orton, sob a direção de Antônio Ghigonetto e “Lisístrata” de Aristófanes, encenação de Maurice Vaneau. Com a vinda para o Brasil do diretor argentino Victor García, convidado para a montagem de “Cemitério de Automóveis” adaptação do próprio Garcia para a obra de Fernando Arrabal, uma antiga garagem na rua Treze de Maio foi totalmente remodelada. A encenação destacou Ruth Escobar como atriz e produtora. Seu prestígio aumentou com a produção de “O Balcão” de Jean Genet, encenada por Victor Garcia, com cenografada por Wladimir Pereira Cardoso. A produção arrebatou todos os prêmios importantes do ano e Ruth Escobar foi agraciada com o troféu “Roquette Pinto” para a personalidade do ano. Polêmicas sempre cercaram a atriz e produtora. Uma delas ocorreu quando produziu “Missa Leiga” de Chico de Assis com direção de Ademar Guerra e foi proibida de utilizar a “Igreja da Consolação” como palco e montada numa fábrica. Outra envolveu “A Viagem”, adaptação cênica feita por Carlos Queiroz Telles para o poema “Os Lusíadas” de Luís de Camões, cuja estreia contou com a presença do primeiro ministro de Portugal, Marcelo Caetano. Nos anos subsequentes, Ruth Escobar ficou à frente do “Centro Latino-Americano de Criatividade”, projeto abortado por falta de recursos, e centralizou no seu teatro importantes manifestações contra o regime militar, inclusive a fundação do "Comitê da Anistia Internacional". Ruth Escobar foi diagnosticada com a doença de Alzheimer, que, ao longo dos anos, se intensificou e atingiu nível avançado, comprometendo sua memória e toda sua atividade profissional. Sua filha Patricia Escobar conseguiu interditar na justiça o patrimônio de Ruth, que passou a ser gerido por um escritório de advocacia. Inês Cardoso, outra de suas filhas, fez uma carta aberta como pedido de ajuda ao expor o fato da mãe não ter plano de saúde e estar em situação de abandono médico. A filha ainda denunciou que o escritório não estaria cuidando devidamente do patrimônio, que inclui algumas casas e também o acervo pessoal da artista, com documentos históricos do moderno teatro brasileiro. Nelson Aguiar, outro filho de Ruth, culpa a irmã Patricia pela escolha da interdição que ocasionou a má administração do legado. No cinema, a atriz fez participações em filmes como “Romance”, “O Homem que Virou Suco” e ”Hitler Terceiro Mundo”. Ruth Escobar foi casada com o filósofo e dramaturgo Carlos Henrique Escobar, dois filhos, Patrícia e Chrystian, com o arquiteto e cenógrafo Wladimir Pereira Cardoso, duas filhas, Inês e Anna e com o crítico de arte Nélson Aguilar, um filho, Nélson. Ruth Escobar foi duas vezes deputada estadual de São Paulo. Seu filho Cristian é falecido. Ruth Escobar morreu de complicações do Mal de Alzheimer.