Mário Lago
(Rio de Janeiro/RJ, 26 de novembro de 1911)
(Rio de Janeiro/RJ, 30 de maio de 2002).
Mário Lago foi um ator, advogado, poeta, radialista, compositor e autor brasileiro. Compositor de sambas populares como "Ai, que Saudades da Amélia" e "Atire a Primeira Pedra", ambos em parceria com Ataulfo Alves, Mário Lago se fez popular entre as décadas de quarenta e cinquenta. Filho do maestro Antônio Lago e de Francisca Maria Vicencia Croccia Lago e neto do anarquista e flautista italiano Giuseppe Croccia, Mário Lago se formou em direito pela “Universidade do Brasil” tendo nesta época se tornado marxista. A opção pelas ideias comunistas fizeram com que fosse preso em sete ocasiões. Mário Lago foi casado com Zeli, a filha do militante comunista Henrique Cordeiro, que conhecera numa manifestação política. Eles viveram juntos até a morte dela. O casal teve cinco filhos, Antônio Henrique, Graça Maria, Mário Lago Filho, Luiz Carlos (em homenagem ao líder comunista Luís Carlos Prestes) e Vanda. Torcedor do "Fluminense", Mário Lago chegou a declarar, na época do primeiro rebaixamento do clube, que a virada de mesa em favor do tricolor carioca havia sido uma atitude vergonhosa de todos os responsáveis, envolvidos no esquema. Ele afirmava veementemente, que o time deveria ter voltado à divisão de elite do "Campeonato Brasileiro" no campo e não no tapetão. Mário Lago começou pela poesia e teve seu primeiro poema publicado aos quinze anos. Mário Lago se formou em ciências jurídicas e sociais na então “Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro”, atual “Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro” (UFRJ), onde iniciou sua militância política no “Centro Acadêmico Cândido de Oliveira”, então fortemente influenciado pelo "Partido Comunista do Brasil". Durante a década de trinta, a então principal faculdade de direito da capital da República era um celeiro de arte aliada à política, onde estudaram Lago e seus contemporâneos Carlos Lacerda, Jorge Amado, Lamartine Babo entre outros. Depois de formado, Mário Lago exerceu a profissão de advogado por apenas alguns meses. Mário Lago se envolveu com o teatro de revista, escrevendo, compondo e atuando. Sua estreia como letrista de música popular foi com "Menina, Eu Sei de Uma Coisa", parceria com Custódio Mesquita, gravada por Mário Reis. Depois, Orlando Silva realizou a famosa gravação de "Nada Além", da mesma dupla de autores. Outras composições famosas são "É Tão Gostoso, Seu Moço" em parceria com Chocolate, "Número Um", com Benedito Lacerda, o samba "Fracasso" e a marcha carnavalesca "Aurora", em parceria com Roberto Roberti, que ficou consagrada na interpretação de Carmen Miranda. Em "Amélia", a descrição daquela mulher idealizada, ficou tão popular que "Amélia" se tornou sinônimo de mulher submissa, resignada e dedicada aos trabalhos domésticos. Na “Rádio Nacional”, Mário Lago foi ator. Ele atuou na radionovela, especial da "Semana Santa" “A Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo” interpretando (Herodes) e também roteirista, escrevendo a radionovela "Presídio de Mulheres". Mas só ficou conhecido do grande público mais tarde, pela televisão, quando passou a atuar em novelas. No veículo, Mário Lago fez as novelas “Nuvem de Fogo”, “O Sheik de Agadir”, “A Sombra de Rebeca”, “Presídio de Mulheres”, “O Homem Proibido”, “Passo dos Ventos”, “A Ponte dos Suspiros”, “Rosa Rebelde”, “Verão Vermelho”, “Assim na Terra Como no Céu”, “Minha Doce Namorada”, “Selva de Pedra”, “Cavalo de Aço”, “O Espigão”, “Cuca Legal”, “Escalada”, “Pecado Capital”, “O Casarão”, “Nina”, “Dancing Days”, “Os Gigantes”, “Plumas e Paetês”, “Baila Comigo”, “Brilhante”, “Elas Por Elas”, “Guerra dos Sexos”, “Louco Amor”, “Partido Alto”, “Um Sonho a Mais”, “Cambalacho”, “Roda de Fogo”, “O Salvador da Pátria”, “Barriga de Aluguel”, “Vamp”, “Perigosas Peruas”, “De Corpo e Alma”, “Despedida de Solteiro”, “Fera Ferida”, “Quatro Por Quatro”, “Explode Coração”, “História de Amor”, “Quem É Você”, “Pecado Capital”, “Torre de Babel”, “Força de Um Desejo” e “O Clone” e as minisséries “Padre Cícero”, “Grande Sertão: Veredas”, “O Tempo e o Vento”, “Tendas dos Milagres”, “O Pagador de Promessas”, “Agosto”, “Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados”, “O Fim do Mundo”, “Hilda Furacão” e “Brava Gente”, além de ter atuado em doze episódios da série “Você Decide”. Mário Lago atuou em peças de teatro e nos filmes “Asas do Brasil”, “O Homem que Chutou a Consciência”, “Terra Violenta”, “Uma Luz na Estrada”, “O Homem que Passa”, “A Sombra da Outra”, “Pecadora Imaculada”, “Balança, Mas Não Cai”, “Papai Fanfarrão”, “Mulheres, Cheguei!”, “Assalto ao Trem Pagador”, “Assassinato em Copacabana”, “História de um Crápula”, “Na Onda do Iê-Iê-Iê”, “O Padre e a Moça”, “Cuidado, Espião Brasileiro em Ação”, “Essa Gatinha é Minha”, “Na Mira do Assassino”, “Terra em Transe”, “A Vida Provisória”, “Desesperato”, “Massacre do Supermercado”, “Incrível, Fantástico, Extraordinário”, “Pedro Diabo Ama Rosa Meia-Noite”, “Tempo de Violência”, “O Bravo Guerreiro”, “Os Herdeiros”, “Badalada dos Infiéis”, “São Bernardo”, “Café na Cama”, “Lá Menor”, “O Velho Gregório” e “Idolatrada”. Mário Lago esteve na União Soviética a convite da “Radio Moscow” para participar da reestruturação do programa “Conversando com o Brasil”, do qual participavam artistas e intelectuais brasileiros. Mas os programas radiofônicos produzidos no Brasil, que Mário mostrou aos soviéticos, foram por eles qualificados de "burgueses e decadentes". A avaliação que Mário Lago fez da União Soviética também não foi das melhores. Ali, segundo ele, a produção cultural sofria pelo excesso de gravidade e autoritarismo. Apesar da decepção com a experiência soviética, Mário Lago jamais abandonou a militância política. Mário foi um dos nomes a encabeçar a lista dos que tiveram seus direitos políticos cassados pelo regime militar e perdeu suas funções na “Rádio Nacional”. Mário se ligou ao "Partido dos Trabalhadores" e atuou como âncora dos programas eleitorais do então candidato do partido, Luís Inácio Lula da Silva, à presidência da República. Autor dos livros “Chico Nunes das Alagoas”, “Na Rolança do Tempo”, “Bagaço de Beira-Estrada” e “Meia Porção de Sarapatel” foi biografado por Mônica Velloso na obra “Mário Lago: Boêmia e Política”. Mário Lago foi tema do desfile da “Escola de Samba Acadêmicos de Santa Cruz”. Mário Lago recebeu uma homenagem especial por sua carreira durante a entrega do melhores do ano do “Domingão do Faustão”, que ganharia o nome de “Troféu Mário Lago”, sendo anualmente concedido aos grandes nomes da teledramaturgia. O presidente da Câmara, Aécio Neves, foi à sua residência no Rio para lhe entregar, solenemente, a “Ordem do Mérito Parlamentar”. Na sua última entrevista ao “Jornal do Brasil”, Mário revelou que estava escrevendo sua própria biografia. Estava certo de que chegaria aos cem anos, dizia Mário, "Fiz um acordo com o tempo. Nem ele me persegue, nem eu fujo dele". Mário Lago morreu de enfisema pulmonar. Por ter sido estudante do “Colégio Pedro II da Unidade São Cristóvão”, hoje em dia existe, em sua homenagem, dentro do colégio o “Teatro Mário Lago”, onde se faz apresentações culturais de todas as unidades do colégio desde teatro até apresentações dos corais das unidades.