Haroldo Andrade Silva
(Curitiba/PR, 01 de maio de 1934)
(Rio de Janeiro/RJ, 01 de março de 2008).
Haroldo de Andrade foi um locutor, radialista, apresentador de TV, publicitário e empresário brasileiro. Haroldo de Andrade trabalhou ainda na infância como office-boy no comércio. Sempre que podia, Haroldo ia aos estúdios do “Serviço de Alto-Falantes Iguaçú”, na Praça Tiradentes, onde o locutor era Vicente Mickosz, com quem fez amizade. Naquela época, tais serviços de alto-falantes anunciavam produtos do comércio local. Com seu conhecimento junto aos donos de lojas, Haroldo começou a fazer anúncios dos estabelecimentos no microfone. Foi nesta primeira experiência que a boa voz e a dicção muito clara chamou a atenção do público e o fez ingressar na “Rádio Clube Paranaense”, onde passou a atuar como locutor, apresentando o "Grande Programa RCA Victor", de repertório de músicas clássicas e líricas. Época em que Haroldo ouviu pela primeira vez o ”Concerto Nº 1 Para Piano e Orquestra” do compositor russo Pyotr Ilyich Tchaikovsky, cuja melodia o encantou e que anos mais tarde acabaria servindo de prefixo para seu programa na “Rádio Globo”. Aos vinte anos de idade, Haroldo de Andrade resolveu deixar a capital paranaense e tentar a sorte como radialista no Rio de Janeiro, ainda então a Capital Federal. Haroldo de Andrade começou a trabalhar na antiga “Rádio Mauá”, onde os mesmos predicados que o celebrizaram em Curitiba logo chamaram a atenção do público carioca. Numa época em que o rádio ainda detinha a primazia da popularidade, grandes emissoras possuíam grandes auditórios e havia espaço para o público assistir às irradiações. Na Mauá, a plateia não existia e logo Haroldo criou uma maneira diferente de permitir a participação do público nas transmissões. Foi quando lançou o programa “Musifone”, em que os ouvintes podiam telefonar para o radialista e pedir músicas, participar de pequenos jogos e concorrer a prêmios. Com isso, Haroldo inaugurou a interatividade no rádio brasileiro, muitos anos antes da expressão começar a ser utilizada. A atração logo alcançou o primeiro lugar na audiência. Com o sucesso do Musifone, Haroldo chamou a atenção de emissoras maiores. Foi quando a “Rádio Globo” o contratou. Lá, Haroldo passou a comandar o programa "Alvorada Carioca", além de continuar apresentando o "Musifone" na parte da tarde. Haroldo de Andrade recebeu seu primeiro prêmio o "Microfone de Ouro" na categoria de melhor locutor. Mais tarde, Haroldo passa a se apresentar também na “Rádio Eldorado”, emissora pertencente ao “Sistema Globo de Rádio”, comandando pela manhã o "Haroldo, Muniz e a Música", ao lado de Roberto Muniz. Não tardaria para a televisão o requisitar, assim a recém inaugurada Rede Globo de TV convidou Haroldo de Andrade para apresentar com os também radialistas Luís de Carvalho, Jonas Garret, Mário Luiz e Roberto Muniz, o programa "Os Maiorais da Globo" que apresentava as musicas quer eram sucesso no momento. Em meio ao sucesso na TV, Haroldo sofreu um grave acidente automobilístico que lhe deixou permanentes sequelas físicas. Haroldo de Andrade, poucos anos depois, assina contrato com a TV Excelsior, onde ganha um programa exclusivo, o "Haroldo de Andrade Show", com apresentações musicais, jogos e concursos entre artistas. O “Bom Dia”, quadro que mais celebrizou Haroldo de Andrade surgiu no primeiro ano desse programa. Haroldo de Andrade passa a apresentar os shows populares que a rádio e a TV Globo patrocinavam em comemoração ao “Dia do Trabalhador. O primeiro show foi realizado no estádio do “Bangu Atlético Clube”. A partir daí, com o imenso sucesso da iniciativa, os shows passam a ser realizados nos jardins da Quinta da Boa Vista, sempre com audiências superiores a cem mil pessoas. Haroldo volta à TV Globo, agora com um programa exclusivo. E assim, Haroldo de Andrade foi se revezando entre o rádio e a TV, sempre com muita criatividade e sucesso. Seu público majoritário era composto por donas de casa, aposentados, motoristas de táxi e estudantes. Sua popularidade gerou reações curiosas, como a de uma ouvinte que diariamente esperava o apresentador na porta da “Rádio Globo” vestida de noiva, pronta para “se casar” com seu ídolo assim que este quisesse. Ou o taxista que um dia entrou no estúdio onde Haroldo apresentava seu programa e lhe entregou uma cápsula radioativa que um passageiro havia abandonado em seu carro. Na mesma entrada da emissora, diariamente, dezenas de fãs e aspirantes à carreira artística também costumavam abordá-lo, em busca de um autógrafo, uma palavra de carinho ou uma chance de divulgação. Foi assim que Haroldo foi responsável pelo lançamento das carreiras de vários artistas hoje consagrados. Com o tempo começaram a surgir diversos problemas de saúde, obrigando Haroldo de Andrade a se afastar dos microfones. Ele já sofria de diabetes há alguns anos e passou a padecer também de problemas cardíacos e renais. Haroldo de Andrade teve dois casamentos e era casado com Dilma Leal Ferreira. Haroldo de Andrade teve oito filhos, Celso, Wilson, Cristina, o jornalista Haroldo Jr. e mais quatro. Um dos seus filhos é falecido. O "Programa Haroldo de Andrade", com a voz do comunicador, é citado na comédia “Bendito Fruto” de Sérgio Goldenberg. Após um tombo em sua casa, Haroldo de Andrade novamente voltou ao hospital. Lá, foi constatada uma gangrena em sua perna, que acabou por ser amputada. A fragilidade do paciente levou a equipe médica que o atendia a colocá-lo em coma induzido, de onde não mais sairia. Haroldo de Andrade morreu de falência múltipla dos órgãos em decorrência da diabetes.