Eva Fodor Nolding
(Budapeste/HUNGRIA, 09 de novembro de 1919)
(Rio de Janeiro/RJ, 10 de dezembro de 2017).
Eva Todor foi uma atriz húngara naturalizada brasileira. Eva possuía um vasto currículo no teatro, cinema e televisão construído ao longo de oitenta anos de carreira. Nascida como Eva Fodor, filha única de Alexander Fodor e Gizella Rothstein, judeus húngaros ligados ao meio artístico, Eva Todor começou nos palcos ainda criança, como bailarina da “Ópera Real” de Budapeste. Por conta das dificuldades financeiras que a Europa enfrentava no período pós-"Primeira Guerra", a família Fodor abandonou sua terra natal e emigrou para o Brasil. No ano seguinte, Eva, com apenas onze anos, retomou carreira como bailarina no Rio de Janeiro. Aos dez começou a estudar dança clássica com Maria Olenewa, no “Theatro Municipal”. Foi quando adotou o sobrenome artístico de Todor no lugar do original Fodor, cuja pronúncia no Brasil poderia remeter a um palavrão. Aos quinze anos, Eva Todor faz um teste e entra para o “Teatro Recreio”, estreando como atriz no espetáculo de revista "Há Uma Forte Corrente" de Luíz Iglesias e Freire Junior. Eva permaneceu na companhia e acabou por se casar com Luíz Iglesias, se tornando a primeira atriz daquela companhia de revistas. Logo seu talento para os papéis cômicos se revelou, o que levou seu marido a escrever peças com personagens concebidas especialmente para sua verve. Eva era especialista em papéis de moças ingênuas. Um tempo depois, Eva Todor funda a companhia “Eva e Seus Artistas”, que estreia com “Feia”, de Paulo de Magalhães, sob a direção de Esther Leão. Eva Todor se naturalizou brasileira quando Getúlio Vargas, então Presidente da República foi ver uma peça no “Teatro Municipal” do Rio de Janeiro e ficou encantado. Foi ao camarim e perguntou a Eva Todor: "você quer ser naturalizada?", o que aconteceu em seguida. Eva Todor participou da peça "Deus lhe Pague" no batismo cultural de Goiânia, a nova cidade planejada concebida para ser a capital estadual de Goiás. A peça ocorreu no recém-inaugurado “Teatro Goiânia” e contou com a presença de Getúlio Vargas e do governador Pedro Ludovico Teixeira. Eva assistiu de perto Vargas e Pedro Ludovico entregarem a chave da cidade para o novo prefeito, o professor Venerando de Freitas Borges. Seu primeiro papel dramático foi em “Cândida”, de George Bernard Shaw, um dos maiores sucessos da temporada carioca daquele ano e que ficou quatro meses em cartaz. Seguiu-se por “Carta”, de Somerset Maugham. Pela companhia “Eva e Seus Artistas”, passaram grandes nomes da cena teatral de então, como André Villon, Jardel Jércolis, Elza Gomes e Henriette Morineau. Depois, Eva Todor ficou viúva, o que a deixou muito mal por um tempo. O estilo de atriz cômica de Eva Todor seria abandonado com a estreia do drama “Senhora da Boca do Lixo”, de Jorge Andrade, sob a direção de Dulcina de Moraes. O gênero cômico continua sendo seu favorito, mas a atriz abre o leque de sua interpretação em peças como “De Olho na Amélia” de Georges Feydeau, que lhe valeu o prêmio “Molière” de melhor atriz em “Em Família”, de Oduvaldo Vianna Filho, com direção de Sérgio Britto, e “Quarta-Feira Lá em Casa, Sem Falta” de Mário Brasini. No cinema, Eva Todor estreou em “Os Dois Ladrões” com produção de Carlos Manga e um dos últimos filmes de sucesso do gênero das chanchadas. Ao lado de Oscarito protagonizou uma das mais célebres passagens do cinema brasileiro, a “cena do espelho”. Eva Todor atuou em “Pão, Amor e… Totobola” de Henrique Campos e no mesmo ano desse filme, se casa pela segunda vez, com o diretor teatral Paulo Nolding, de quem era viúva. O fato de ter ficado viúva duas vezes a abalou demais, tanto que não se casou novamente. Apesar de ter tentado nos dois casamentos, a atriz não conseguiu ter filhos. Eva Todor participou ainda dos filmes “Achados e Perdidos”, “Xuxa Abracadabra” e “Meu Nome Não é Johnny”. Mas seria na televisão que Eva Todor se tornaria mais famosa. Foram mais de duas dezenas de trabalhos em novelas, minisséries e especiais. No gênero, seu papel mais marcante foi o de (Kiki Blanche), na novela “Locomotivas”. A estreia de Eva Todor em TV ocorreu em “As Confissões de Eva” e depois fez “E Nós, Aonde Vamos?” e as novelas “Roque Santeiro” (a versão proibida), “Te Contei?”, “Memórias de Amor”, “Coração Alado”, “Sétimo Sentido”, “Sabor de Mel”, “Partido Alto”, “A Gata Comeu”, “O Outro”, “Top Model”, “De Corpo e Alma”, “Olho no Olho”, “Quem é Você?”, “Suave Veneno”, “O Cravo e a Rosa” ,“América” e “Salve Jorge”, as minisséries “Incidente em Antares”, “Hilda Furacão”, “JK” e “Amazônia, de Galvez a Chico Mendes”, além de participações nas séries “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, “Malhação”, “Brava Gente” no episódio “A Causa Errada”, “Sob Nova Direção” no episódio “O Casamento do Meu Melhor Amigo”, “A Diarista” no episódio “Parece, Mas Não é”, “Casos e Acasos” no episódio “O Trote, o Filho e o Fora” e “As Brasileiras” no episódio “A Vidente de Diamantina”, todas na TV Globo. Um dos últimos trabalhos na TV foi na novela “Caminho das Índias”, onde deu vida a divertida e amorosa (D. Cidinha). Eva Todor ficou triste por não poder aparecer nos últimos capítulos da trama de Glória Perez, em decorrência de fortes dores no estômago devido a uma hérnia de hiato, problema de saúde que sofria desde a infância. Eva Todor precisou ser internada e passou por uma cirurgia, de qual se recuperou rapidamente. Eva foi convidada para reviver, em participação especial, a personagem (Kiki Blanche) na nova versão de “Ti Ti Ti”. Eva Todor lançou um livro de memórias, intitulado "O Teatro da Minha Vida", escrito por Maria Ângela de Jesus. Eva Todor estava afastada da televisão e dos palcos por conta de problemas de saúde que a deixaram muito limitada. Sem familiares, vivia reclusa em sua casa, cuidada por enfermeiras. Eva Todor sofria de Parkinson e Alzheimer, além de problemas cardíacos e estava em internação domiciliar. Eva Todor morreu por conta de uma pneumonia e seu corpo foi cremado.