George Savalla Gomes                                  

(Rio Bonito/RJ, 18 de julho de 1915)                    

(São Gonçalo/RJ, 05 de abril de 2006).

Carequinha foi cantor e um notório palhaço brasileiro. Carequinha nasceu em uma família circense. Seus pais eram os trapezistas Elisa Savalla e Lázaro Gomes. George literalmente nasceu no circo, pois sua mãe, grávida, estava fazendo performace de trapézio quando entrou em trabalho de parto em pleno picadeiro. O palhaço Carequinha surgiu aos cinco anos, no circo de sua família, numa apresentação em Carangola, cidade do interior de Minas Gerais. Aos doze era palhaço oficial do “Circo Ocidental”, pertencente ao seu padrasto. Carequinha estreou como cantor na “Rádio Mayrink Veiga” no Rio de Janeiro, no programa “Picolino”. Já na televisão brasileira teve como marco o fato de ter sido o primeiro palhaço a ter um programa, o "Circo Bombril" - posteriormente rebatizado "Circo do Carequinha" - programa que comandou por dezesseis anos na TV Tupi. Nessa época, num dia de domingo, Carequinha fez um programa na TV Piratini de Porto Alegre. O produtor do programa o abordou dizendo "os gaúchos conhecem o Carequinha devido ao programa do Rio de Janeiro transmitido em rede. Mas eles querem você ao vivo aqui no Rio Grande do Sul. Queremos fazer seus programas todos os domingos", afirmou. Carequinha, então, entrou em contato com um empresário chamado Nelson e depois do encerramento de cada programa dominical saía para as mais diversas cidades gaúchas, como Caxias do Sul, São Leopoldo, Uruguaiana e até Rivera, no Uruguai, para apresentar o seu circo até terça- feira, quando retornava para o Rio de Janeiro para realizar o seu programa na TV Tupi, nas quintas-feiras. Aos sábados, apresentava o seu circo na TV Curitiba. Assim, era comum no final do programa anúncios como "Alô garotada de Uruguaiana, Carequinha e o seu circo estarão aí…". O palhaço e a sua trupe “Fred”, “Zumbi”, “Meio Quilo”, “Zé Lingüiça” e Cia.). costumavam se hospedar em Porto Alegre no antigo ”Hotel Majestic”, hoje a “Casa de Cultura Mário Quintana”. O vendedor e representante da “Copacabana Discos”, gravadora do Carequinha em Porto Alegre, Jairo Juliano o “Jajá”, foi convidado por Carequinha a ser o apresentador do seu programa nessa época. Carequinha também apresentou o seu circo na TV Gaúcha, que foi o embrião da Rede Brasil Sul de Comunicações (RBS) e finalmente, na TV Difusora - pioneira na transmissão ao vivo de um evento nacional em cores: “A Festa da Uva” - anunciando os desenhos animados da garotada, além de apresentar nas tardes de sábado o programa americano "O Circo". Vale destacar que Carequinha, participante do início da TV Tupi - Rio, também estava no estágio final da citada televisão com o programa local,  "O Circo do Carequinha". O cineasta Roberto Machado Jr. fez um documentário sobre Carequinha. O filme pode ser visto no Youtube. Carequinha apresentou um programa infantil chamado “Circo Alegre”, na extinta TV Manchete. O “Circo Alegre” tinha a assistência da ajudante Paulinha e das professoras da “Escola de Dança Sininho de Ouro”. Na TV Manchete, ele gravava um programa de oito horas por dia para uma semana inteira e a empresária Marlene Mattos era a sua assessora. Após dois anos e meio de "Circo Alegre", com a saída de Carequinha, as características fundamentais do seu programa foram incorporadas pelo de Xuxa, o "Clube da Criança". "Eu inventei essas brincadeiras com crianças, tão comuns hoje nos programas infantis. Eu as pegava para dar cambalhota, rodar bambolê, calçar sapatos, vestir paletó primeiro, brincadeiras com maçã e furar bolas", conta o palhaço. Na TV Globo, Carequinha participou da “Escolinha do Professor Raimundo” e da novela “As Três Marias”. Seu último trabalho na televisão foi na TV Globo, com uma participação na minissérie “Hoje é Dia de Maria”.  Como era cantor, Carequinha gravou muitas músicas infantis, gravou vinte e seis discos e os filmes “Sai de Baixo“, “Com Água na Boca”, “Sherlock de Araque”, “Com Jeito Vai”, “É de Chuá”, “Vem a Alegria” e “O Palhaço o Que É?”. Carequinha foi recebido pelos então Presidentes da República, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João Goulart e Fernando Henrique Cardoso. Carequinha morreu em sua casa. Durante a madrugada, ele se queixou de falta de ar e dores no peito e morreu antes de receber atendimento médico. Seu terno colorido, com o qual sempre se apresentava em seus espetáculos, foi também posto no caixão e assim enterrado juntamente com o corpo do artista. O local cemitério onde Carequinha foi enterrado   tem grande valor simbólico, pois é onde está a maior parte das quatrocentas vítimas de um incêndio no “Gran Circus Norte Americano”. Durante anos, Carequinha expressou publicamente, em entrevistas, sua intenção de ser enterrado com a cara pintada. Seu desejo não foi atendido pela família, que exigiu que ele fosse enterrado com o rosto limpo. No entanto, permitiram que ele fosse sepultado vestindo uma roupa de palhaço.