Radamés Gnattali
(Porto Alegre/RS, 27 de janeiro de 1906)
(Rio de Janeiro/RJ, 13 de fevereiro de 1988).
Radamés Gnattali foi um compositor, pianista e arranjador brasileiro com atuação em música, rádio, teatro, cinema e TV. Radamés Gnattalli era o filho primogênito de uma pianista gaúcha descendente de italianos, Adélia Fossati e de Alessandro Gnatalli, um imigrante italiano radicado em Porto Alegre. Professor de música e maestro, Radamés Gnattali era irmão do maestro e arranjador Alexandre Gnatalli. Radamés Gnattali foi iniciado na música aos SEIS anos, tendo as primeiras lições, de piano com a mãe e de violino com a prima Olga Fossati. Radamés Gnattali se formou-se em piano em no “Instituto de Belas Artes” de Porto Alegre, orientado por Guilherme Fontainha. Radamés Gnattali se apresentou no “Instituto Nacional de Música” do Rio de Janeiro, recebendo elogios do “Jornal do Brasil” e foi convidado por Mário de Andrade para dar um recital no “Conservatório Dramático e Musical” de São Paulo. Voltando a Porto Alegre, Radamés Gnattali começou sua carreira profissional dando aulas de piano e tocando em cinemas e bailes. Radamés Gnattali era hábil no cavaquinho e violão, participando de serestas e blocos carnavalescos. Radamés Gnattali trocou o violino pela viola e foi integrar o “Quarteto Henrique Oswald”, onde permaneceu QUATRO anos. Radamés Gnattali foi convidado pelo professor Fontainha a se apresentar no “Theatro Municipal” do Rio de Janeiro como solista do “Concerto em Si Bemol Maior” de Tchaikovski, recebendo grandes elogios da crítica carioca. Radamés Gnattali se mudou então para o Rio de Janeiro, ganhando a vida como músico de teatros e hotéis. Convidado por uma companhia russa como assistente do maestro, Radamés excursionou pela Argentina. Radamés Gnattali apresentou suas primeiras composições no “Theatro São Pedro” de Porto Alegre e ingressou nos quadros da “Rádio Clube do Brasil” do Rio. Radamés Gnattali apresentou outras obras na “Sala Beethoven”, de Porto Alegre, recebendo elogiosa apreciação de Ângelo Guido. No mesmo ano começou a se preparar para concurso de catedrático do “Instituto Nacional de Música”, estudando harmonia com Agnelo França. O concurso, porém, não chegou a ser realizado. Radamés Gnattali deu um concerto como pianista solista no “Theatro Municipal” do Rio, sob a regência de Francisco Braga e começou a se aproximar da música popular, trabalhando nas rádios como pianista, arranjador e maestro, além de atuar como maestro e compositor de música ligeira para o teatro. Radamés Gnattali colaborou com as orquestras de Romeu Silva e Simon Bountman em bailes de carnaval, rádios e operetas e atuou como pianista das orquestras “Típica Victor”, “Diabos do Céu” e “Guarda Velha”. Radamés Gnattali gravou suas valsas “Vibrações D´Alma” e “Saudosa” pela “Orquestra Típica Victor”. O seu choro “Serenata do Joá” e sua valsa “Vilma” foram gravadas por Luís Americano na “Odeon”. Radamés Gnattali passou a ser o orquestrador da gravadora “RCA Victor” e depois participou da inauguração da “Rádio Nacional”. Radamés Gnattali foi contratado como maestro e arranjador da “Rádio Nacional”, onde permaneceria por cerca de TRINTA anos. Radamés Gnattali fundou o “Trio Carioca” com o violoncelista Iberê Gomes Grosso e o violonista Romeu Ghipsman, gravando várias composições. O grupo evoluiu para a “Orquestra Carioca” e se transformou na “Orquestra Brasileira de Radamés Gnattalli” que tocava sucessos internacionais em novos arranjos no programa "Um Milhão de Melodias", chamando a atenção pela originalidade de suas soluções instrumentais, permanecendo TREZE anos no ar, além de ser o primeiro a prestar homenagens a compositores como Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga e Zequinha de Abreu. Radamés Gnattali se alinhou às propostas do governo de Getúlio Vargas para a criação de uma música nacionalista e de fundo educativo, mas permanecia influenciado pelo jazz. Radamés Gnattali se distanciou do nacionalismo, dando às suas composições uma voz mais original. Sua experiência no rádio seria determinante na consolidação do seu estilo pessoal, principalmente em termos de orquestração. Radamés Gnattali foi o autor da parte orquestral de gravações célebres como a do cantor Orlando Silva para a música “Carinhoso” de Pixinguinha e João de Barro, ou ainda da famosa gravação original de “Aquarela do Brasil” de Ary Barroso ou de “Copacabana” de João de Barro e Alberto Ribeiro, esta última imortalizada na voz de Dick Farney. Radamés Gnattali colaborou com o cineasta Nélson Pereira dos Santos e com o sambista Zé Keti em filmes importantes como “Rio, Zona Norte” e “Rio 40 Graus”. Radamés Gnattali embarcou para Europa, integrando a “II Caravana Oficial da Música Popular Brasileira”, se apresentando em Portugal, França, Alemanha, Itália e Inglaterra com o “Sexteto Continental”, que incluía acordeão , guitarra, bateria e contrabaixo e que resultou num disco. Radamés Gnattali partiu outra vez para a Europa para se apresentar em duo de piano e violoncelo com Iberê Gomes Grosso, passando por Berlim e Roma e, posteriormente, Jerusalém e Tel-aviv, em Israel. Radamés Gnattali deixou o rádio para ser arranjador e maestro da TV Excelsior e da TV Globo. Radamés teve influência na composição de choros, incentivando jovens instrumentistas como Raphael Rabello, Joel Nascimento e Mauricio Carrilho e para a formação de grupos de choro como a “Camerata Carioca”. Radamés Gnattali foi parceiro de Tom Jobim. No seu círculo de amizades estavam Cartola, Heitor Villa-Lobos, Pixinguinha, Donga, João da Baiana, Francisco Mignone, Lorenzo Fernandez e Camargo Guarnieri. Radamés Gnattali é autor do hino do Estado de Mato Grosso do Sul (a peça foi escolhida em concurso público nacional). Numa série de eventos feitos em homenagem a Pixinguinha, Radamés Gnattali e Elizeth Cardoso apresentaram o recital “Uma Rosa Para Pixinguinha” e, em parceria com a “Camerata Carioca”, gravou o disco “Vivaldi e Pixinguinha”. Sua discografia foi muito grande, contendo tanto música erudita como popular. Radamés Gnattali gravou choros, sambas, polcas, valsas e boleros. Adicionalmente a todo este histórico artístico, Radamés Gnattali se dedicou também ao público infantil na sua maturidade profissional. Imortalizou sua arte musical em diversos volumes de história infantil para LP (coleção “Disquinho”), hoje traduzidas em versão digital disponível em lojas virtuais como o iTunes. Após sua morte, Radamés Gnattali recebeu muitas homenagens. Radamés Gnattali recebeu o “Prêmio Shell” na categoria de música erudita. Na ocasião, Radamés Gnattali foi homenageado com um concerto no “Theatro Municipal” do Rio de Janeiro, que contou com a participação da “Orquestra Sinfônica” do Rio de Janeiro, do “Duo Assad” e da “Camerata Carioca”. No CD “Lagoa da Canoa, Município de Arapiraca” de Hermeto Pascoal & Grupo, há uma faixa intitulada "Mestre Radamés". A Prefeitura de Porto Alegre deu seu nome a uma sala de recitais e ensaios, no interior do “Auditório Araújo Vianna”. Radamés Gnattali foi o grande homenageado do festival de choro “Chorando no Rio”, promovido pelo “Museu da Imagem e do Som” e transmitido para todo o Brasil pela TVE e apresentado na “Sala Cecília Meireles”, Rio, quando sua suíte “Retratos” foi apresentada. Em, comemoração ao centenário de seu nascimento, Radamés Gnattali foi homenageado com a apresentação do seu “Concerto Para Piano e Orquestra” com a “Orquestra Petrobrás Sinfônica” em espetáculo que foi gravado e lançado em CD duplo. O álbum “100 Anos de Radamés Gnattali” foi lançado, contendo sua obra integral para violoncelo e piano, executada pelo violoncelista David Chew e pela pianista carioca Fernanda Canaud. Radamés Gnattali foi homenageado na coletânea “Chorinho do Brasil (Vol. 2”), que lhe dedicou um CD inteiro intitulado “Radamés Gnattali - O Modernizador do Choro”. Um CD duplo com composições de Radamés Gnattali com patrocínio da “Petrobras” chamado “Retratos de Radamés” foi gravado pelos violonistas Edelton Gloeden e Paulo Porto Alegre. Radamés Gnattali foi casado com a atriz Nelly Martins. A saúde de Radamés Gnatalli começou a fraquejar quando sofreu um derrame que o deixou com o lado direito do corpo paralisado. Em decorrência de problemas circulatórios, Radamés Gnatalli sofreu outro derrame e morreu.