João Donato de Oliveira Neto
(Rio Branco/AC, 17 de agosto de 1934)
(Rio de Janeiro/RJ, 17 de julho de 2023).
João Donato foi um músico, cantor e compositor brasileiro com atuação em música, rádio, teatro e TV. Filho do major da aeronáutica, João Donato de Oliveira Filho e de Eutália Pacheco da Cunha, João Donato desde cedo demonstrou ter intimidade com a música e aos CINCO anos já tocava acordeão. João Donato nasceu em uma família musical, seu pai que era piloto de avião, nas horas vagas tocava bandolim. A mãe cantava e a irmã mais velha, Eneyda, pretendia ser concertista de piano. O caçula Lysias, foi para as letras e se tornou o principal parceiro nas composições com Donato. Donato, portanto cresceu entre o treino de escalas realizado pela irmã Eneyda junto ao piano e as aulas que recebia do sargento da banda militar. O primeiro instrumento de João Donato foi o acordeão, no qual, aos OITO anos, compôs sua primeira canção, a valsa "Nini". Antes de completar DOZE anos, o pai o presenteou com acordeões de VINTE E QUATRO e CENTO E VINTE baixos. Donato pai foi transferido e a família deixou Rio Branco rumo ao Rio de Janeiro. Em pouco tempo, João Donato passou a frequentar o circuito musical das festas de colégios da Tijuca e adjacências. Tentou a sorte no programa de Ary Barroso. Intransigente, Ary rodou o tabuleiro da baiana e sequer quis escutá-lo, sob a alegação de que não gostava de meninos-prodígio. Ao se profissionalizar aos QUINZE anos, João Donato já havia participado das jam sessions realizadas na casa do cantor Dick Farney e no “Sinatra-Farney Fã Club”, do qual era membro. Johnny Alf, Nora Ney, Dóris Monteiro, Paulo Moura e até Jô Soares, no bongô, estavam entre os componentes destas jams. Na primeira gravação em que participou, como integrante da banda do flautista Altamiro Carrilho, João Donato tocou acordeão nas DUAS faixas, "Brejeiro" de Ernesto Nazareth e "Feliz Aniversário", do próprio Altamiro. Pouco depois, João Donato migrou para o grupo do violinista Fafá Lemos, como suplente de Chiquinho do Acordeom. Aos DEZESSETE anos, João Donato namorou Dolores Duran, que tinha VINTE E UM. O romance gerou polêmicas e preconceitos a época, por ela ser mais velha que ele. Após um tempo, Donato resolveu se separar dela por causa das brigas da família do casal. Assim, ele a deixou e foi morar no México. Agora pianista, Donato passou a comandar suas próprias formações instrumentais, “Donato e seu Conjunto”, “Donato Trio” e o grupo “Os Namorados”. A “Odeon” escalou um iniciante para fazer a direção musical de "Chá Dançante”, primeiro LP de Donato e seu conjunto. Tom Jobim fez a seleção musical do disco de João Donato. O repertório escolhido por Tom Jobim foi "No Rancho Fundo" (Lamartine Babo e Ary Barroso), "Carinhoso" (Pixinguinha e João de Barro), "Baião" (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), "Peguei um Ita no Norte" (Dorival Caymmi). Em seguida, João Donato passou uma temporada de dois anos na cidade de São Paulo. Quando voltou ao Rio de Janeiro, a bossa nova estava deflagrada. João Donato gravou "Minha Saudade" e "Mambinho", em parceria com João Gilberto. A convite de Nanai (ex-integrante do grupo “Os Namorados da Lua"), Donato parte para uma temporada de SEIS semanas em um cassino “Lake Tahoe” em Nevada, Estados Unidos. João Donato adaptou as influências do jazz com a música do Caribe, como integrante das orquestras de Mongo Santamaría, Johnny Martinez, Cal Tjader e Tito Puente e excursionou com João Gilberto pela Europa. De volta ao Brasil, João Donato concebeu dois clássicos da música instrumental brasileira, "Muito à Vontade" e "A Bossa Muito Moderna de João Donato", ambos pela “Polydor”. João Donato se mudou mais uma vez para os Estados Unidos e lá permaneceria por quase uma década. Donato trabalhou com Nelson Riddle, Herbie Mann, Chet Baker, Cal Tjader, Bud Shank, Armando Peraza, etc. João Donato formou, ao lado de João Gilberto, Jobim, Moacir Santos, Eumir Deodato, Sérgio Mendes e Astrud Gilberto, o time dos que tornou o Brasil de fato reconhecido internacionalmente por sua música. Num dia de Natal, João Donato à casa do compositor Marcos Valle, onde encontrou o cantor Agostinho dos Santos, que sugeriu a Donato letrar suas criações instrumentais. Sendo assim, alguns temas de Donato ganharam letras e ganharam contornos de canção popular. Valle o convidou a gravar um novo disco no Brasil, com o repertório formado a partir deste novo cancioneiro. A partir deste momento João Donato deixou de ser integrante exclusivo da seara instrumental e entrou para a MPB. Gilberto Gil, Martinho da Vila, Lysias, Chico Buarque, Caetano Veloso, Cazuza, Arnaldo Antunes, Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro, Ronaldo Bastos, Abel Silva, Geraldo Carneiro e até o poeta Haroldo de Campos e o fonoaudiólogo e escritor Pedro Bloch tornaram-se parceiros de João. Em mais de SEIS décadas de carreira, João Donato gravou quase QUARENTA discos e tocou com artistas de várias gerações como Emílio Santiago, Wanda Sá, Marcelo D2, Leila Pinheiro, Joyce, Ângela Rô Rô e Jards Macalé, entre tantos outros. Em 2016, foi indicado ao “Grammy Latino” de “Melhor Instrumental” por seu álbum “Donato Elétrico”. O disco também foi eleito pela revista “Rolling Stone Brasil” como o DÉCIMO PRIMEIRO melhor álbum brasileiro daquele ano. João Donato foi casado com a jornalista Ivone Belém e é pai de Jodel, Joana e Donatinho. João Donato enfrentava uma série de problemas de saúde e havia tratado uma infecção nos pulmões, mas foi vencido por esses problemas e morreu.