Maria Evangelina Leonel Gandolfo
(São Paulo/SP, 04 de maio de 1963)
(São Paulo/SP, 14 de julho de 2014).
Vange Leonel foi uma cantora, compositora, guitarrista, jornalista, blogueira, cronista, romancista, dramaturga, sommelier de cervejas e ativista feminina e LGBT brasileira com atuação em literatura, música, rádio, teatro e TV. Vange Leonel era filha de Maria Helena Leonel e bisneta do general Ataliba Leonel, que lutou na “Revolução Constitucionalista de 1932” e prima do cantor Nando Reis. Conhecida por seu timbre vocal influenciado por cantoras de blues e soul como Billie Holiday e Janis Joplin, Vange Leonel foi famosa por seu trabalho com a banda de pós-punk “Nau” até começar carreira solo. O “Nau” lançou um álbum homônimo pela CBS e também participou da compilação “Não São Paulo, Vol. 2” da “Baratos Afins”, porém, a banda se desfez depois que os planos para um segundo álbum fracassaram. Vange seguiu na carreira solo. “Vange”, seu primeiro álbum solo foi lançado pela “Sony Music Entertainment” e continha sua canção mais famosa, "Noite Preta", que foi usada como o tema de abertura da novela “Vamp”. Outra canção do álbum, "Esse Mundo", também foi usada como tema de outra novela da TV Globo, “Perigosas Peruas”. Seu segundo lançamento solo, o EP “Vermelho” saiu pela gravadora independente “Medusa Records”, fundada pela própria Vange e por sua parceira Cilmara Bedaque também co-autora da maioria das canções de Vange desde os tempos do “Nau”. “Vermelho” não foi tão bem recebido quanto o seu álbum anterior e Vange Leonel abandonou a carreira musical para se dedicar à literatura. Vange Leonel assumiu-se lésbica e desde então começou a militar pela causa LGBTQIA+ e pelos direitos das mulheres. Vange Leonel publicou seu primeiro livro, “Lésbicas”, seguido por “Grrrls: Garotas Iradas” ambos são coletâneas das crônicas que escrevia para a extinta revista LGBT “Sui Generis”. Vange Leonel escreveu também para a “Revista da Folha”, “Carta Capital” e “MixBrasil” e junto com Cilmara Bedaque mantinha um blog de nome "Lupulinas", cujo tema eram cervejas. Vange Leonel escreveu sua primeira peça teatral, “As Sereias da Rive Gauche”, encenada sob a direção de Regina Galdino e publicada em formato de livro. Vange Leonel tem um único romance publicado, “Balada Para as Meninas Perdidas”. Seu último trabalho literário foi com a peça “Joana Evangelista”, uma imaginação da vida de Joana D'Arc e como ela lidaria nos dias atuais com o tema do aborto. Vange Leonel conheceu sua namorada, a jornalista Cilmara Bedaque com quem viveu quase três décadas, até sua morte. Em uma entrevista, Vange Leonel afirmou estar trabalhando na tradução para o português do romance de “Ladies Almanack” de Djuna Barnes. Desde então, porém, nenhuma outra notícia sobre a tradução foi dada e não se sabe se Vange chegou a concluir a tradução. Vange Leonel foi diagnosticada com câncer ovariano e foi internada para tratamento. O câncer mais tarde se espalhou para sua mucosa gástrica, evoluindo para um câncer de peritônio, assim sendo, quaisquer formas de tratamento tornaram-se ineficazes. Vange Leonel morreu em conseqüência de metástase do câncer e meses depois foi agraciada, postumamente, com a “Ordem do Mérito Cultural”.