Ermenegildo Evangelista de Souza                                                

(São Benedito/CE, 13 de agosto de 1923)                             

(Fortaleza/CE, 10 de dezembro de 1984).

Catulo de Paula foi um cantor, compositor, letrista, musicista e ator brasileiro com atuação em música, rádio, teatro, cinema e TV. Seu pai era cego desde os seis meses de idade e sustentava a família, composta de mulher e oito filhos, tocando violino, saxofone e clarineta em festas de sua cidade no interior cearense. Com oito anos, Catulo de Paula começou a tocar violão, ganhando os primeiros trocados para ajudar no sustento da família. Por volta dos DEZ anos de idade, Catulo passou a fazer parte do grupo “Vocalistas Tropicais”, com os quais foi fazer uma excursão a Fortaleza, capital do Ceará. Acabou saindo do grupo por causa de um dos integrantes e teve que se virar por conta própria para sobreviver, passando a fazer biscates de diversos tipos. Catulo de Paula passou a viajar pelo interior do Nordeste. Catulo de Paula foi convidado para fazer parte do grupo “Os Boêmios da Noite”. Na mesma época, se mudou para o Recife, em Pernambuco, onde adotou o nome artístico de Catulo de Paula. Catulo de Paula resolveu se mudar para o Rio de Janeiro, a fim de dar continuidade ao seu trabalho artístico. Catulo de Paula se tornou acompanhante do cantor Vicente Celestino, com quem trabalhou durante longo tempo tocando violão. Ao se apresentar no clube “Brasil Danças”, foi assistido por Fernado Lobo que apadrinhou sua primeira gravação. Catulo de Paula lançou pela “Continental”, disco onde interpretava dois baiões, “Vai Comendo Raimundo”, de sua autoria e Amado Régis e “O Pau Comeu”, de Marçal Araújo. Catulo de Paula se destacou pelas composições satíricas, sendo uma das mais conhecidas, o baião “Bep-Bop do Ceará”, “Zabumbô, Zabumbá”, “Rosamélia”. Além de baiões, Catulo de Paula gravou sambas e canções, sem nunca ter se fixado num determinado ritmo. Catulo de Paula gravou o baião “Nós Num Have”, gravou de Luiz Gonzaga em parceria com Jaime Florence, o baião “Na Cabana do Rei”. O maior sucesso de Catulo de Paula foi o baião “Como Tem Zé na Paraíba”, parceria com Manezinho Araújo, gravado também com grande sucesso, por Jackson do Pandeiro. O tom nordestino de sua música lhe valeu convites de diversos diretores de cinema que exploraram a temática do “Cangaceiro”. Catulo de Paula participou das trilhas sonoras dos filmes “Lampião, o Rei do Cangaço”, “Entre o Amor e o Cangaço”, “Os Três Cabras de Lampião”, “Nordeste Sangrento” e “O Filho do Cangaceiro”. No cinema, Catulo de Paula participou como também dos filmes “Na Onda do Iê-Iê-Iê”, “Meu Nome é Lampião” (cangaceiro, além da ajutloria musical) e “Meu Pé de Laranja-Lima” (Ariovaldo). Catulo de Paula fez, ainda, alguns trabalhos para o teatro, tendo participado da trilha sonora das peças “A Invasão dos Beatos”, de Dias Gomes e “A Torre em Concurso”, de Joaquim Manuel de Macedo. Como ator ou cantor em peças de teatro, Catulo de Paula esteve em “No País dos Cadillacs” (Musicista), “A Revlolução dos Beatos” (Cantador, além da direção musical) e “Rio, Boa Pinta”. Catulo de Paula participou como cantor da trilha sonora do filme “Sol Sobre Lama”, de Alex Viany, quando interpretou canções da parceria Vinícius de Moraes e Pixinguinha, inclusive as letras que Vinícius criou para os choros “Mundo Melhor” e “Lamentos”. Catulo de Paula lançou pela “Odeon” o LP “A Simplicidade de Catulo de Paula”, no qual interpretou, entre outras, “Lua-Lua”, “Zé Piedade”, “Minha Fulô” e “Vida Ruim”, todas de sua autoria. Catulo participou da peça “Pobre Menina Rica”, de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra. Catulo de Paula lançou LP que leva seu nome, interpretando “Canção da Tristeza”, “Forró do Barnabé”, “De Maria Só o Nome” e “Razão Pra Não Chorar”, todas de sua autoria. Catulo de Paula foi convidado para interpretar um cego cantador (Cego Geremias) de feira na novela “Roque Santeiro”, na TV Globo, tendo ele preparado um ABC, no qual narrava a novela em versos começando cada estrofe com uma letra do albabeto. A novela, entretanto acabou não indo ao ar, pois foi vetada pela censura na época da ditadura militar. Anos depois a novela foi ao ar, desta vez com Arnaud Rodrigues no papel do cego que cantava a música composta por Catulo de Paula. Na TV, além de participar como cantor em diversos ptrogramas de auditório, Catulo de Paula teve dois especiais em sua homenagem, “Catulo, Seu Violão e Suas Canções” e “Show Comemorativo de Um ano da emissora”, ambos pela TV Continental e participou com ator nas novelas “Alma do Sertão” na mesma TV Continental e “Sinhazinha Flô” (Violeiro) e “Maria, Maria” (Mestre Aurélio). A “Tapecar” lançou o LP “Geremias do Roque Santeiro”, que trazia entre outras, “Roque Santeiro”, “ABC do Roque Santeiro” e “Alegria Dolorida”, de sua autoria, além de “Prefiro Ficar Com Maria”, de Paulo Gesta e Luiz de França. A composição “Caubói do Ceará” de sua autoria foi gravada pelo cantor brega Falcão no disco “A Besteira é a Base da Sabedoria”. Não há informações sobre a vida pessoal, tampouco dos motivos que levaram Catulo de Paula à morte.