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ELIANE DE GRAMMONT (25 anos)

ID: m1564 Categoria: Cantoras/Músicas Date : Saturday 16th October 2021 9:00:00 pm Tipo : Image / Photo

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Resenha

Eliane Aparecida de Grammont                        

 

(São Paulo/SP, 10 de agosto de 1955)        

(São Paulo/SP, 30 de março de 1981).

 

Eliane de Grammont foi uma cantora e compositora brasileira com atuação em rádio, música, teatro e TV. Eliane de Grammont se tornou célebre por ter sido vítima de feminicídio por parte de seu ex-marido Lindomar Castilho, crime que marcou a história do país como parte da campanha de combate à violência contra a mulher. Eliane de Grammont era filha da compositora Elena de Grammont e seus irmãos na maioria seguiram a carreira jornalística, caso do seu irmão Paulo de Grammont  e no rádio, caso de sua irmã Helena de Grammont, jornalista da Rede Globo. Seu pai morreu de miocardiopatia, doença que também vitimou dois de seus irmãos. Eliane conheceu o cantor de boleros Lindomar Castilho na gravadora “RCA”. Lindomar na época fazia enorme sucesso e um de seus LPs havia vendido mais de oitocentas mil cópias, número bastante expressivo para a época. Depois de dois anos de eles namoro se casaram. Sua família foi contra a união, mas ela contrariou os parentes para unir-se ao cantor; também insistiu em que o casamento se desse pela separação de bens, para deixar claro que não estava com ele em razão de seu sucesso e fortuna. O cantor exigiu que ela parasse de cantar. Durante o breve relacionamento o casal teve uma filha e, diante do abuso de álcool pelo cantor, dado a crises violentas de ciúme, episódios de agressão, separações e reconciliações, culminou com o desquite após pouco mais de um ano de casamento. Seis meses depois do casamento ela ainda tentou uma reconciliação, mas Lindomar exigiu que ela assinasse um documento contendo dez compromissos, entre os quais pedir perdão à empregada que há anos trabalhava para ele e que fora motivo de brigas do casal. Eliane havia descoberto que também era portadora a miocardiopatia e ainda assim tentou retomar a carreira como cantora; foi então que recebeu o convite de Carlos Randall para se apresentar no café "Belle Époque", e com ele passou a ter um romance. Eliane, que interrompera a carreira com o nascimento da filha, estava há cerca de um ano separada de Lindomar e se apresentava num bar da capital paulista quando o cantor a alvejou com vários tiros, atingindo ainda o músico que a acompanhava, o violonista Carlos Roberto da Silva, ferido no abdomem. Conhecido com o nome artístico de Carlos Randall, o músico era primo do próprio Lindomar. Lindomar desconfiava do envolvimento amoroso dele com sua ex-mulher, situação que foi agravada quando este também se separou da mulher. Após o crime, Lindomar tentou fugir, mas foi detido e espancado por populares, que o amarraram até a chegada da polícia. No momento em que fora alvejada Eliane cantava a música de Chico Buarque, "João e Maria", justamente no momento dos versos que diziam "Agora Era Fatal Que o Faz-de-Conta Terminasse Assim". Durante o julgamento a defesa de Lindomar explorou alegações de que a vítima era uma mãe que não cumpria com as suas obrigações, além de ser uma mulher infiel e de conduta reprovável. Mulheres protestavam diante do tribunal pelo direito à vida, e aos poucos homens foram se juntando para provocá-las, sob o argumento de um "direito" de matar em casos de "defesa da honra" masculina. Através de eufemismos então em voga, seu advogado Waldir Troncoso Perez arguiu que o réu agiu tomado por "violenta emoção"; na época tais crimes eram justificados com escusas como passionalidade, perda da paz ou "legítima defesa da honra". Cinco dos sete jurados votaram pela condenação. Ainda em liberdade, Lindomar respondeu ao júri e mulheres se manifestavam diante do fórum, no segundo dia do julgamento muitos homens foram levados até lá (segundo relatos, contratados para tal) e passaram a jogar ovos nas manifestantes e a gritar-lhes palavras como "Mulher Que Bota Chifre Tem Que Virar Sanduíche"; no contexto social da época a impunidade era gritante, como foi o caso do artista Sérgio Mallandro que, junto a outros homens, estuprara uma jovem no Rio de Janeiro e, apesar de confesso, ficou impune graças a amizades influentes, ou à canção de Sidney Magal que pregava "Se Te Agarro Com Outro/Eu Te Mato/Te Mando Algumas Flores/E Depois Escapo"; mesmo condenado o cantor recorreu livre. Na época o adultério era considerado um crime. O crime, onde Lindomar alegava ter sido traído pela mulher, ganhou grande repercussão no Brasil, não somente por envolver nomes bastante conhecidos da música popular da época, como também por ter a imprensa assumido, então, importante papel na mudança da visão social dos chamados "crimes passionais", recebendo da mídia ampla cobertura. Eliane de Grammont recebeu algumas homenagens. Na cidade de São Paulo, no bairro da Barra Funda, foi dado o nome "Eliane Aparecida de Grammont" a uma de suas. Eliane de Grammont também é nome de rua na cidade Londrina, no Paraná. Na capital paulista existe a Casa Eliane de Grammont”, instituição estatal destinada a dar apoio psicossocial e jurídico a mulheres em situação de violência de gênero, mantida pela prefeitura de São Paulo. Eliane de Grammont chegou a ser levada a um pronto-socorro, mas chegou já sem vida.

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