Marco Aurélio da Silva Rocha
(Birigui/SP, 19 de maio de 1977)
(Rio de Janeiro/RJ, 10 de maio de 2011).
Lacraia foi um dançarino, comediante e travesti brasileiro com atuação em música, teatro e TV. Lacraia fazia dupla com o compositor, produtor e cantor de funk MC Serginho. O primeiro grande sucesso da dupla foi com a canção “Vai Serginho!” que descreve uma relação sexual (a fama dessa música aconteceu por causa dos participantes do “BBB1”, sobretudo os cariocas, que cantavam a música em referência às moças da casa). A consagração popular veio, no entanto, com o hit “Égua Pocotó”, também conhecida como “Eguinha Pocotó”, que foi uma das canções de maior execução nos rádios do Brasil. A letra, segundo MC Serginho fazia referência a uma brincadeira com sua filha, mas pôde ser interpretada com conotação erótica, fato que talvez tenha auxiliado o hit a cair nas graças do público. O disco “Furacão 2000 Twister”, contendo os sucessos “Égua Pocotó” e “Vai Lacraia” (em homenagem ao dançarino que também ficou bastante conhecido) vendeu cerca de cento e cinqüenta mil cópias. A dupla MC Serginho e Lacraia participou de inúmeros programas televisivos, como os dominicais do “Leão”, na MTV e no ”Pânico na TV”, entre outros. A participação no “Domingo Legal” rendeu ao programa a liderança na audiência dominical naquele horário, com vinte pontos. A eminência da dupla Serginho e Lacraia se mostra em referências que vão desde letras do compositor Carlos Careqa até nomes de bares no Rio de Janeiro. Lacraia era travesti e transsexual, mas ainda não havia feito a transição para mudaça de sexo. Tentando fazer um resgate especial sobre a história da dançarina Lacraia, uma ativista acabou fazendo o nome da artista ir para os trending topics do Twitter. Com uma série de mensagens, a diretora da “Nova Associação de Travestis e Transexuais” de Pernambuco, Caia Coelho, explicou que desenvolveu um fascínio pela dançarina ao longo de sua trajetória, porém somente em 2016 decidiu dar início a um processo de pesquisa sobre a vida e obra de Lacraia. Segundo Caia, Lacraia foi vítima, em diversos momentos, de racismo e transfobia durante participações na televisão, sendo exposta ao ridículo e se limitando ao mero papel de alívio cômico para a audiência. “No Programa da Eliana, Lacraia encenou um casamento fake, mas o noivo se recusou a repetir as palavras do “padre” (“legítima esposa”) e não beijou a noiva ao final da cerimônia. Supostamente essa seria “a graça” do quadro”, apontou Caia. Lacraia morreu vítimada de pneumonia.