Antônio Moreira da Silva
(Rio de Janeiro/RJ, 01 de abril de 1902)
(Rio de Janeiro/RJ, 06 de junho de 2000).
Moreira da Silva foi um cantor e compositor brasileiro, também conhecido como Kid Moringueira. É considerado o criador do samba-de-breque, embora o breque já existisse em composições mais antigas como "Cansei" de Sinhô. Quando Moreira da Silva nasceu no começo do século XX, o Rio de Janeiro estava em transformação, com a inauguração das primeiras salas de cinema. Filho mais velho de Bernardino da Silva Paranhos, trombonista da “Polícia Militar” e da dona de casa Pauladina de Assis Moreira. Carioca da Tijuca, Moreira da Silva foi criado no morro do Salgueiro. Moreira da Silva abandonou a escola aos treze anos, quando o pai morreu (outra fonte afirma que o pai morreu de cirrose, por consequência do excesso de consumo de bebidas alcoólicas, quando Moreira tinha cinco anos) e a família ficou sem um maior apoio. Assim, Moreira trabalhou como vendedor de doce, entregador de marmita e catador de papel, tendo trabalhado até sua aposentadoria como servidor público. Na adolescência, Moreira da Silva atuou numa barraca da festa da Penha, numa fábrica de meias e numa fábrica de cigarro. Mais tarde, foi motorista de táxi e depois de ambulância. Moreira da Silva formou família ao se casar com vinte e seis anos, permanecendo casado por meio século. Quando frequentava a zona do meretrício do Rio, Moreira conheceu Estera Gladkowicer, uma imigrante judia russa naturalizada brasileira que integrava a “Associação Beneficente Funerária e Religiosa Israelita”. Depois de algum tempo se prostituindo, Estera virou cafetina e administrou um bordel no mangue, onde Moreira se encontrava com ela. Os dois ficaram juntos por dezoito anos. Um dia, ao fazer uma corrida para Ismael Silva, este lhe sugeriu que fizesse um teste na “Odeon”, por achar que ele tinha talento. Moreira foi à gravadora e passou no teste, gravando um disco com duas composições de Getúlio Marinho, "Ererê" e "Rei da Umbanda". Foi no terceiro disco que Moreira da Silva alcançou o sucesso, com "Arrasta a Sandália" de Antônio Gomes e Baiaco. Moreira da Silva entrou para a equipe do “Programa Casé”, da “Rádio Philips”. Pela “Columbia”, Moreira da Silva lançou mais um sucesso, "Implorar", escrita por ele em parceria com Kid Pepe e J. Gaspar. A convite do então diretor artístico da “Rádio Mayrink Veiga”, César Ladeira, Moreira foi para a emissora por um salário de quinhentos mil-réis, se juntando a Francisco Alves, Carmen Miranda e Aurora Miranda, Gastão Formenti, João Petra de Barros, Patrício Teixeira, Mário Reis, Jorge Fernandes, Ciro Monteiro, Eriberto Muraro, José Maria de Abreu e Nonô, entre outras estrelas da rádio na época. A convite do fadista Manuel Monteiro, Moreira da Silva foi se apresentar em Portugal, o que lhe rendeu uma participação no filme “A Varanda dos Rouxinóis” de José Leitão de Barros. Moreira ficou no país europeu por três meses. Pouco antes de ir para Portugal, Moreira se desligou da “Rádio Mayrink Veiga”. Além disso, por ter ficado três meses fora do país, não gravou nenhum disco e sua execução nas rádios caiu. Moreira da Silva gravou várias músicas pela “Odeon” e pela “Columbia”, mas nenhuma delas estourou. Além disso, a “Rádio Nacional” não quis renovar seu contrato e lhe ofereceu somente um cachê simbólico por apresentações esporádicas. Moreira da Silva tentou dois discos, de novo sem sucesso. Após temporada de um mês na Bahia, Moreira tentou o sucesso novamente comprando uma composição, "Lembranças da Bahia", para a qual constou como coautor, de Geraldo Pereira, mas ainda não foi daquela vez. Moreira começou a lentamente reconstruir sua carreira no quando Jorge Veiga foi da “Rádio Tupi” para a “Rádio Nacional”, abrindo uma vaga para Moreira. Moreira da Silva tentou carreira política, se candidatando a vereador do Distrito Federal, mas recebeu pouco menos de quatrocentos votos. Moreira da Silva completou trinta e dois anos de carreira no funcionalismo público e se aposentou como encarregado de garagem. Em dado momento a “Odeon” o convidou a gravar um disco com antigos sucessos, que saiu com o nome “O Último Malandro”. O LP renovou sua carreira, levando-o de volta às rádios e aos programas de televisão e rendendo um prêmio de “Disco de Ouro”, entre outros. A amizade com o poeta e radialista Miguel Gustavo começou nesta fase. Contudo, a chegada da “Bossa Nova” (que o cantor desmereceu) e da “Jovem Guarda” tiraram espaço dele e outros sambistas. Seu último disco, “Moreira da Silva, o Tal Malandro”, vendeu mil e quinhentas cópias, resultado que levou a “Odeon” a colocá-lo na geladeira. Contrariado pela relutância da gravadora em lançar um disco seu, Moreira rescindiu seu contrato e foi para a “Cantagalo”, por meio da qual lançou os discos “O Sucesso Continua” e “Manchete do Dia”. Moreira da Silva fez um show com Jards Macalé descrito como "antológico" por quem o assistiu. Depois a dupla se juntou ao “Projeto Pixinguinha” e excursionou por diversas capitais estaduais do Brasil. Moreira da Silva participou do histórico disco de Chico Buarque de Holanda, ”Ópera do Malandro” fazendo dueto com Chico. Moreira da Silva foi tema do enredo da escola de samba “Unidos de Manguinhos”. Moreira da Silva gravou “Os 3 Malandros in Concert“ com Dicró e Bezerra da Silva, aos noventa e três anos de idade. O sambista foi tema do livro “Moreira da Silva - O Último dos Malandros”. Aos noventa e oito anos idade, Moreira da Silva ainda se apresentava em shows. Moreira da Silva era viúvo de Jandira com quem teve um filho. Jandira morreu de tuberculose logo após o nascimento do filho, que morreu, prematuramente, da mesma doença logo em seguida. Moreira da Silva era viúvo de Maria de Lourdes (Mariazinha). Vivendo sua centésima década de vida, Moreira tinha apenas dez por cento da visão no olho direito, tomado pela catarata. Moreira da Silva realizou uma operação para resolver o problema, mas logo depois, teve de operar também a próstata. Sofrendo de insônia, passou a tomar lorax, o que o deixava debilitado ao longo do dia. Mesmo assim, seguiu fazendo shows até uma nova operação afastá-lo dos palcos por cinco meses. Seu último espetáculo foi com Dicró e Bezerra da Silva. Moreira da Silva caiu em casa e foi internado numa clínica particular, sendo depois levado ao hospital em função dos altos custos da permanência na UTI. Moreira da Silva morreu em função de falência múltipla de órgãos.