Sérgio Augusto Bustamante
(Rio de Janeiro/RJ, 08 de novembro de 1933)
(Volta Redonda/RJ, 07 de junho de 2019).
Serguei foi um cantor, ator, apresentador e compositor brasileiro com atuação em teatro, rádio, TV, cinema e internet. Segundo o “Cravo Albin” apesar de nunca ter obtido um grande sucesso comercial, Serguei é considerado uma lenda do rock brasileiro e também o precursor brasileiro do visual andrógino em shows. Serguei era filho único de um executivo da “IBM”, Domingos Bustamante e da dona de casa Maria. Serguei visitava regularmente Dona Maria que ainda conservava seu apartamento na Barra da Tijuca. Na infância, Serguei teve um amigo russo que lhe chamava de "Sergei" (variação de "Sérgio" em russo), porque tinha dificuldade em pronunciar seu nome corretamente, passando assim a usar a variação do nome como nome artístico em sua carreira. Aos doze anos, Serguei foi morar com Lia Anderson, sua avó materna em Long Island, Nova Iorque, onde participou de festivais estudantis. De volta ao Brasil, Serguei trabalhou no “Banco Boavista” de onde foi demitido e depois como comissário de bordo na “Loyd Aéreo”, “Cruzeiro do Sul”, “Panair” de onde foi demitido após derrubar uma bebida sobre Gina Lollobrigida e “Varig” sendo também demitido após uma bebedeira em Madrid, na Espanha. Em uma entrevista dada no “Programa do Jô”, Serguei revelou que adorava cantar durante os voos: "Cantava a bordo. Uma vez imitei a Dalva de Oliveira. Mas eu cantava rock, Elvis Presley", disse. Segundo o próprio Serguei, sua carreira musical começou quando fez seu primeiro show numa festa de São João aos dezoito anos. Depois, retornou aos Estados Unidos onde continuou sua carreira, participando de festivais voltados para estudantes. Serguei começou a se tornar conhecido no Brasil cantando com o grupo “The Youngsters”, uma das bandas de apoio de Roberto Carlos. Serguei é retratado pela revista "Intervalo" (sendo chamado de o "cantor alucinado") em plena Avenida Rio Branco onde realizou um protesto hippie e desfilava com um cartaz com frases de protesto contra o convencionalismo. Serguei esteve no famoso “Festival de Woodstock” e o cantor, que era panssexual, afirmou ter mantido um relacionamento afetivo com a cantora americana Janis Joplin, em Long Island. Essa suposta relação foi um dos motivos pelo qual ficou conhecido, mas o cantor entrava em contradições cronológicas em suas entrevistas e não há como confirmar, uma vez que a própria Janis morreu em 1970. Serguei se apresentou no "Programa Flávio Cavalcanti", no qual fez uma performance pop-tropicalista e quase atingiu Márcia de Windsor, uma das juradas, com uma banana. O compacto “Ouriço/O Burro Cor de Rosa”, foi recolhido pela ditadura militar por considerar a música “Ouriço” subversiva. Serguei, então, foi chamado a depor e logo liberado. Serguei retornou definitivamente ao Brasil e foi morar na cidade de Saquarema, no Estado do Rio de Janeiro, onde viveu até o ano de seu falecimento. O apresentador Flávio Cavalcanti deu a Serguei o “Troféu Policarpo” de pior cantor do ano. Alguns programas antes, o apresentador chegou a quebrar seus discos no ar. Em uma tentativa da gravadora de lança-lo como cantor “latino”, Serguei gravou o compacto “Samba Salsa”, de samba e ritmos caribenhos. Atualmente este compacto é um raro item de colecionador. Serguei só voltaria a ficar em evidência novamente, após fazer shows em duas edições do “Rock in Rio”. Apresentação solo no "Rock In Rio II" e uma participação especial no show de Sylvinho Blau Blau no “Rock In Rio III“. Serguei fez aparições como espectador no “Rock in Rio IV” e “Rock in Rio V”. Sua apresentação solo no "Rock In Rio II" ) aparece na íntegra no DVD “Na Cama Com Serguei". Já sobre sua apresentação no “Rock In Rio III”, Serguei contava que Axl Rose o quis conhecer porque ele abaixou as calças no palco, mas Serguei estava muito cansado e preferiu ir embora. O livro "Serguei, O Anjo Maldito", de João Henrique Schiller foi lançado. Serguei desfilou pela grife “Cavalera” na “São Paulo Fashion Week”, realizada no “Pavilhão da Bienal” do Parque do Ibirapuera, com a famosa camisa "Eu Comi a Janis Joplin". Em seus últimos anos, Serguei participou de diversos programas na televisão. Serguei trabalhou como jurado do programa "Festival Ridículos", comandado pelo humorista e apresentador Tom Cavalcante na TV Record. Serguei participou de alguns quadros do programa “Show do Tom”, da Rede Record e em foi entrevistado no programa “Agora é Tarde”. Serguei foi um dos artistas que mais teve convites e aparições no “Programa do Jô”, apresentado por Jô Soares de quem foi um grande amigo. A Multishow produziu o programa "Serguei Rock Show", que contou com dez episódios e a participação de roqueiros como Rogério Skylab e Zéu Brito. Sentindo fortes dores no corpo, devido a fibromialgia, Serguei foi internado. Serguei voltou para casa após alguns dias, mas duas semanas depois retornou, passando mais dois dias internado. Ao ser liberado novamente, Serguei declarou estar tomando remédios e querer voltar a fazer shows, pois já se sentia bem. O documentário “Serguei, O Último Psicodélico” que conta sua biografia, foi lançado. Mais uma biografia, “As Alucinações de Serguei” de Rodrigo Barros e Paulo Roberto Andel foi lançada. Considerado o roqueiro mais antigo do Brasil, Serguei fez shows ao lado de sua banda, a “Pandemonium” que o acompanhou até sua morte. Serguei novamente foi internado para tratar de um forte quadro de desidratação, desnutrição e pneumonia. O artista também apresentava um quadro inicial do “Mal de Alzheimer”, mas mesmo assim reconheceu seus amigos no leito hospitalar, onde respondia bem ao tratamento. O quadro de saúde de Serguei piorou e ele foi transferido de helicóptero para um hospital em Volta Redonda. Serguei ficou internado na “UTI” e morreu devido a uma falência de múltiplos órgãos.