Maria do Carmo Miranda da Cunha
(Marco de Canavases /PORTUGAL, 09 de fevereiro de 1909
(Beverly Hills/EUA, 05 de agosto de 1955).
Carmen Miranda foi uma cantora e atriz portuguesa radicada no Brasil desde os dez meses de idade e com atuação em música, rádio, teatro, TV e cinema. Sua carreira artística transcorreu no Brasil e nos Estados Unidos. Carmen Miranda era a segunda filha do barbeiro José Maria Pinto da Cunha e de sua mulher, Maria Emília Miranda. Maria do Carmo ganhou o apelido de Carmen no Brasil, graças ao gosto que seu tio Amaro tinha por óperas. A emigração da família para o Brasil já estava marcada, entretanto, ao se ver grávida, a mãe de Carmen Miranda preferiu aguardar o nascimento da filha. Pouco depois, seu pai, José Maria, emigrou para o Brasil e se instalou na cidade do Rio de Janeiro. Maria Emília seguiu o marido, acompanhada da filha mais velha, Olinda e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade. Carmen nunca voltou à Portugal. No Rio de Janeiro, seu pai abriu um salão de barbeiro em sociedade com um conterrâneo. No Brasil, nasceram os outros quatro filhos do casal, Amaro, Cecília, Aurora e Óscar. Carmen estudou na escola de freiras “Santa Teresa” e teve o primeiro emprego aos catorze anos numa loja de gravatas e depois numa chapelaria. Contam que foi despedida por passar o tempo cantando, mas o seu biógrafo Ruy Castro diz que ela cantava por influência de sua irmã mais velha, Olinda e que assim atraía clientes. Olinda, acometida de tuberculose, voltou a Portugal para tratamento, onde permaneceu até sua morte. Para complementar a renda familiar, sua mãe passou a administrar uma pensão doméstica que servia refeições para empregados do comércio. Carmen tentava ser artista e apareceu incógnita em uma fotografia na sessão de cinema do jornalista Pedro Lima da revista “Selecta”. Carmen Miranda foi considerada pela revista “Rolling Stone” como a décima quinta maior voz da música brasileira, sendo um ícone e símbolo internacional do Brasil no exterior. Carmen é irmã da atriz e cantora Aurora Miranda. Apelidada de "Brazilian Bombshell", Carmen Miranda é conhecida por seus exóticos figurinos e chapéu com frutas que ela costumava usar nos filmes e que fez deles sua marca registrada. Ainda jovem, Carmen aprendeu a fazer chapéus em uma boutique antes de gravar seu primeiro álbum com o compositor Josué de Barros. A gravação de “Ta-hí” (“Pra Você Gostar de Mim”) a levou ao estrelato no Brasil como a principal intérprete do samba. Na época ela se tornou a primeira artista a assinar um contrato de trabalho com uma emissora de rádio no país. Seu crescente sucesso na indústria fonográfica lhe garantiu um lugar nos primeiros filmes sonoros. Carmen Miranda participou de cinco musicais carnavalescos lançados nesse período como “Alô, Alô, Brasil” e “Alô, Alô, Carnaval”. Carmen apareceu pela primeira vez caracterizada de baiana, personagem que a lançou internacionalmente, no filme “Banana da Terra” dirigido por Ruy Costa. O musical apresentava clássicos como "O Que é Que a Baiana Tem?“que lançou Dorival Caymmi no cinema. O produtor da "Broadway", Lee Shubert ofereceu a Miranda um contrato de oito semanas para se apresentar em “The Streets of Paris” depois de vê-la no “Cassino da Urca”, no Rio de Janeiro. Carmen Miranda fez sua estreia no cinema norte americano no filme “Serenata Tropical” ao lado de Don Ameche e Betty Grable. Miranda foi eleita a terceira personalidade mais popular nos Estados Unidos e foi convidada para se apresentar junto com seu grupo, o “Bando da Lua”, para o presidente Franklin Roosevelt na “Casa Branca”. Carmen Miranda chegou a ser a mulher mais bem paga dos Estados Unidos segundo o “Departamento do Tesouro Americano”. Ela fez um total de catorze filmes nos EUA, nove deles somente na “20th Century Fox”. Embora aclamada como uma artista talentosa, sua popularidade diminuiu até o final da “Segunda Guerra Mundial”. O seu talento como cantora e performer muitas vezes foi ofuscado pelo caráter exótico de suas apresentações. Miranda tentou reconstruir sua identidade e fugir do enquadramento que seus produtores e a indústria tentavam lhe impor, mas sem conseguir grandes avanços. Sua imagem se tornou a personificação de um exotismo latino-americano genérico que foi abraçado como singular e peculiar pelo público dos EUA e rejeitado como inautêntico e paternalista por brasileiros. De fato, por todos os estereótipos que enfrentou ao longo de sua carreira, suas apresentações fizeram grandes avanços na popularização da música brasileira, ao mesmo tempo, abrindo o caminho para o aumento da consciência de toda a cultura latina. Carmen Miranda foi a primeira artista latino-americana a ser convidada a imprimir suas mãos e pés no pátio do “Grauman's Chinese Theatre". Carmen Miranda também se tornou a primeira sul-americana a ser homenageada com uma estrela na “Calçada da Fama”. A sua figura, para muito além da música, seria uma influência permanente na cultura brasileira, da “Tropicália” ao cinema. Em vinte anos de carreira ela deixou sua voz registrada em duzentas e setenta e nove gravações somente no Brasil e mais trinta e quantro nos EUA. Um museu foi construído mais tarde no Rio de Janeiro, em sua homenagem. Carmen Miranda foi tema do aclamado documentário “Carmen Miranda: Bananas is my Business” dirigido por Helena Solberg e uma interseção no cruzamento da “Hollywood Boulevard” e “Orange Drive” em frente ao “Teatro Chinês” em “Hollywood” foi oficialmente nomeada "Carmen Miranda Square”. Até hoje, nenhum artista brasileiro teve tanta projeção internacional como ela. Carmen Miranda foi encontrada morta em um corredor de sua casa em Beverly Hills. A atriz havia terminado na noite anterior as filmagens de um episódio do “The Jimmy Durante Show” para a “NBC”. Após o último take, Miranda e Durante fizeram uma performance improvisada no set para o elenco e técnicos, em seguida alguns membros do elenco e amigos foram convidados por ela para uma pequena festa em sua casa.