Loading...
Aguarde. Estamos processando seu pedido...

JOÃO SALDANHA (73 anos)

ID: h1095 Categoria: Jornalistas Date : Friday 27th November 2020 10:00:00 pm Tipo : Image / Photo

No rating received yet. [[ ItemDetailsCtrl.itemRating.totalVotes ]] vote(s) - You have rated [[ ItemDetailsCtrl.itemRating.selfRating ]]

Resenha

João Alves Jobim Saldanha                   

 

(Alegrete/RS, 03 de julho de 1917)        

(Roma/ITÁLIA, 12de julho de 1990).   

 

João Saldanha foi um militante político, jornalista, escritor e treinador de futebol brasileiro. João Saldanha era primo do compositor Tom Jobim e tio da apresentadora Paula Saldanha. João Saldanha atuou profissionalmente por alguns anos no Botafogo”, mas abandonou a carreira e se graduou em jornalismo, tendo se tornado um dos mais destacados nomes da crônica esportiva brasileira. Como técnico de futebol, levou o “Botafogo” a um título carioca e a seleção brasileira a se classificar para a Copa do Mundo” do México em 1970. João Saldanha foi afastado do comando da seleção nacional meses antes do início da competição em uma história até hoje não esclarecida. Apelidado por Nélson Rodrigues como João Sem-Medo”, Saldanha militou por toda sua vida adulta no Partido Comunista Brasileiro, chegando a fazer parte de sua alta cúpula. A família de João Saldanha se envolveu na Revolução de 1923 e João aos seis anos, ajudava no contrabando de munição entre Brasil e Uruguai. No mesmo ano, a família se refugiou em Rivera, no pais vizinho. Ao fim do conflito, os Saldanha voltaram para o Rio Grande do Sul e, no ano seguinte, foram para o Paraná. Após percorrer várias cidades do interior, decidiram se instalar em Curitiba. O primeiro grande contato de João com o futebol aconteceu ali, pois a casa comprada por Gaspar Saldanha, seu pai, ficava a dois quarteirões do campo do Athlético Paranaense”, onde João ia assistir aos treinos das divisões de base, aproximando o garoto do futebol. Além disso, a casa da família em Curitiba permitia uma integração com toda a garotada da vizinhança, que organizava times, campeonatos, jogos, enfim, tudo dentro do estilo de vida da expansão urbana e das novas modas citadinas. Ali, João completaria o primário na mesma escola de um garoto que ainda seria importantíssimo personagem na história nacional como presidente da República, Jânio Quadros. A família voltou para o Rio Grande do Sul, com o pai de Saldanha se aliando a Getúlio Vargas. Quando este se tornou presidente do Brasil, a família foi para o Rio de Janeiro, onde Gaspar ganhou um cartório. João Saldanha se filiou ao Partido Comunista Brasileiro com pouco tempo estabilizado no Rio e se engajou em muitas campanhas do partido. Logo mais, se tornaria um dos mais ferrenhos opositores da ditadura militar brasileira e figura de destaque no "Partidão". João Saldanha se tornou secretário-geral da União da Juventude Comunista”, chegando a ser mantido preso e fichado no DOPS.  Saldanha jogou futebol profissionalmente por uns poucos anos no Botafogo. João Saldanha se formou em Direito pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil” atual UFRJ, estudou jornalismo e se tornou um dos mais destacados cronistas esportivos brasileiros. Incentivado por amigos e por sua esposa na época, Ruth (irmã do jornalista Rui Viotti), aceitou o convite para fazer um teste para integrar a equipe da “Rádio Guanabara”, montada por Édson Leite. A partir daí, acumulou passagens marcantes pelas rádios “Nacional”, “Globo”, “Tupi” e “Jornal do Brasil” e pelas TVs Rio, “Manchete e “Globo”, onde apresentou seus comentários esportivos no programa “Dois Minutos Com João Saldanha”. João Saldanha assinou colunas nos jornais “Última Hora”, “O Globo”, “Jornal do Brasil” e “Revista Placar”. Com toda sua experiência vivida no futebol, não media palavras ao criticar jogadores, treinadores e dirigentes, conquistando fãs e desafetos. Saldanha foi o intérprete no “Botafogo” do técnico húngaro Dori Kürschner, com quem aprendeu sobre tática no futebol. João foi diretor de futebol do clube durante anos, com um intervalo, período em que esteve clandestino como dirigente do “PCB”. Saldanha foi contratado como técnico do Botafogo”, apesar de sua falta de experiência. O clube conquistou o campeonato estadual em uma final histórica, em que goleou o “Fluminense” por 6x2, com um time que contava com Garrincha, Didi e Nílton Santos. João Saldanha foi anunciado novo treinador da seleção nacional. O presidente da Confederação Brasileira de Desportos - CBD”, João Havelange alegou que o contratou na esperança de que os jornalistas fizessem menos críticas à seleção nacional, tendo um deles como técnico. Na “Copa do Mundo” da Inglaterra, uma das principais críticas da imprensa era a falta de um time-base. Saldanha tentou resolver esse problema, convocando um time formado em sua maioria por jogadores do "Santos" e do "Botafogo", os melhores times da época e os conduziu a cem por cento de aproveitamento em seis jogos de qualificação (eliminatórias). De uma frase sua, quando teria dito que convocaria somente "feras", surgiu a expressão As Feras do Saldanha”, para designar aquela seleção. Graças ao seu trabalho, a seleção brasileira reconquistaria a auto-estima e a confiança do torcedor, que tinha perdido depois da pífia campanha na Inglaterra. O time de Saldanha, que se destacou nas eliminatórias, contra Venezuela e Paraguai, com a dupla Tostão e Pelé, estava mesclado com jogadores do "Santos", "Botafogo" e "Cruzeiro". Foi uma grande idéia de Saldanha, aproveitando o entrosamento dos jogadores em seus respectivos clubes que formavam um time bem montado. Apesar das vitórias, Saldanha foi publicamente criticado por Dorival Knipel, conhecido como Yustrich, treinador do Flamengo. Saldanha respondeu ao confronto brandindo um revólver. Também havia rumores de que Saldanha não entendia de preparação física, havendo alguns desentendimentos com a comissão técnica sobre a condução dos treinamentos. Como o próprio Saldanha disse em entrevista a TV Cultura, ele teria sido retirado do comando da seleção por causa da sua negativa em selecionar jogadores que eram indicados pessoalmente pelo presidente Emílio Garrastazu Médici, durante a ditadura militar, em particular o atacante Dario Sua punição, agravada por ser militante do Partido Comunista Brasileiro foi a dispensa do comando da seleção meses antes do mundial, o que deixou eternos rumores do medo da ditadura de ver um comunista voltar da copa do México com a “Jules Rimet” nas mãos. O último atrito foi quando o auxiliar técnico pediu para sair da seleção, dizendo que era impossível trabalhar com Saldanha. Segundo João Havelange, o esquema adotado por Saldanha com dois pontas abertos e o meio-campo desprotegido não iria a lugar nenhum. Daí a demissão de João Saldanha e, depois de uma tentativa de se contratar Dino Sani, ele foi substituído por Mário Zagallo, com seu tradicional esquema. Saldanha retornou ao jornalismo depois desse episódio e continuou a criar algumas das mais famosas citações da história do futebol brasileiro, como "o futebol brasileiro é uma coisa jogada com música". No final da vida, foi um dos maiores críticos da europeização do futebol brasileiro, com a adoção de esquemas mais defensivos e a perda de algumas de nossas principais características, como o jogo hábil e voltado ao ataque. João Saldanha foi candidato nas primeiras eleições diretas para prefeito do Rio de Janeiro, sendo indicado pelo seu partido, o “PCB”, como candidato a vice-prefeito, na chapa encabeçada pelo advogado Marcelo Cerqueira, do “PSB”. João Saldanha era casado com Ruth Villara Viotti com quem teve dois filhos, Ruth  e o bailarino João Viotti Saldanha. Bastante debilitado devido ao tabagismo, seu último trabalho foi a cobertura da "Copa do Mundo" na Itália para a TV Manchete. João Saldanha morreu de insuficiência respiratória em meio à "Copa do Mundo".

Tags
Loading...