Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim
(Rio de Janeiro/RJ, 25 de janeiro de 1927)
(Nova Iorque/NY/EUA, 08 de dezembro de 1994).
Tom Jobim foi um compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista brasileiro. É considerado o maior expoente de todos os tempos da música popular brasileira pela revista “Rolling Stone” e um dos criadores das principais forças do movimento da bossa nova. Considerado um dos maiores compositores e pianistas brasileiros. Doutor "honoris causa" pela “Faculdade de Ciências Sociais e Humanas” da “Universidade Nova de Lisboa”. Primo do jornalista João Saldanha. Filho do diplomata gaúcho Jorge de Oliveira Jobim e da dona de casa fluminense Nilza Brasileiro de Almeida, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim se mudou com a família para Ipanema, onde foi criado. A ausência do pai durante a infância e adolescência lhe impôs um contido ressentimento, desenvolvendo no maestro uma profunda relação com a tristeza e o romantismo melódico, transferido peculiarmente para as construções harmônicas e melódicas. Aprendeu a tocar violão e piano em aulas, entre outros, com o professor alemão Hans-Joachim Koellreutter, introdutor da técnica dodecafônica no Brasil. O trisavô paterno de Tom Jobim, José Martins da Cruz Jobim era natural de Jovim, Gondomar em Portugal. O sobrenome de Jobim alude a essa localidade. A bisavó do compositor, Maria Joaquina era meia-irmã do Barão de Cambaí, Antônio Martins da Cruz Jobim. Tom Jobim era descendente, também, do bandeirante Fernão Dias Pais. Tom Jobim namorou com a atriz Odete Lara e foi casado com Thereza de Otero Hermanny com quem teve dois filhos, Paulo e Elizabeth. Tom Jobim era casado com a fotógrafa Ana Beatriz Lontra Jobim com quem teve dois filhos, João Francisco (falecido aos dezenove anos) e Maria Luiza Helena. Tom Jobim pensou em trabalhar com arquitetura, chegando a cursar o primeiro ano da faculdade e até a se empregar em um escritório, mas logo desistiu e decidiu ser pianista. Tom Jobim tocava em bares e boates em Copacabana, como no “Beco das Garrafas” até que foi contratado como arranjador pela gravadora “Continental”, onde trabalhou com Sávio Silveira. Além dos arranjos, também tinha a função de transcrever para a pauta as melodias de compositores que não dominavam a escrita musical. Datam dessa época as primeiras composições, sendo “Incerteza”, a primeira gravada uma parceria com Newton Mendonça, na voz de Mauricy Moura. Depois da “Continental” foi para a “Odeon”. Entretanto, não tinha tanto tempo para se dedicar à composição, que lhe interessava mais. É nessa época que compôs alguns sambas, em parceria de Billy Blanco, “Tereza da Praia” gravada por Lúcio Alves e Dick Farney pela “Continental” e “Solidão e a Sinfonia do Rio de Janeiro”. “Tereza da Praia” foi o primeiro sucesso. Depois disso, ocorreram outras parcerias, como com a cantora e compositora Dolores Duran, na canção “Se é Por Falta de Adeus”. As canções “Faz Uma Semana” e “Pensando em Você” foram gravadas por Ernani Filho. Com Vinícius de Moraes, Tom Jobim produziu as canções para a peça “Orfeu da Conceição” e, posteriormente, para o filme “Orfeu do Carnaval" ou “Orfeu Negro”, dirigido por Marcel Camus, ao lado de Luiz Bonfá e Antônio Maria. A peça fez bastante sucesso e a canção antológica “Se Todos Fossem Iguais a Você” foi gravada diversas vezes. Tom Jobim fez parte do núcleo embrionário da bossa nova. O LP “Canção do Amor Demais” em parceria com Vinícius e interpretação de Elizeth Cardoso foi acompanhado pelo violão de um baiano até então desconhecido, João Gilberto. A orquestração é considerada um marco inaugural da bossa nova, pela originalidade das melodias e harmonias. Inclui, entre outras, “Canção do Amor Demais”, “Chega de Saudade” e “Eu Não Existo Sem Você”. A consolidação da bossa nova como estilo musical veio logo em seguida com o LP “Chega de Saudade”, interpretado por João Gilberto com arranjos e direção musical de Tom, que selou os rumos que a música popular brasileira tomaria dali para frente. No mesmo ano foi a vez de Sylvia Telles gravar “Amor de Gente Moça”, um disco com doze canções de Tom, entre elas “Só em Teus Braços”, “Dindi” (com Aloysio de Oliveira) e “A Felicidade” (com Vinícius). Tom foi um dos destaques do “Festival de Bossa Nova” do “Carnegie Hall” em Nova Iorque. Tom compôs, com Vinícius, um dos maiores sucessos e possivelmente a canção brasileira mais executada no exterior, “Garota de Ipanema”. A quantidade de “clássicos” produzidos por Tom é impressionante, “Samba do Avião”, “Só Danço Samba” (com Vinícius), “Ela é Carioca” (com Vinícius), “O Morro Não Tem Vez”, “Inútil Paisagem” (com Aloysio), “Vivo Sonhando”. Nos Estados Unidos, Tom gravou discos (o primeiro individual foi “The Composer of Desafinado, Plays”), participou de espetáculos e fundou sua própria editora, a “Corcovado Music”. Competindo com os “Beatles”, os “Rolling Stones” e Elvis Presley, Tom Jobim ganhou o “Grammy de Música do Ano” com a "Garota de Ipanema". O sucesso fora do Brasil o fez voltar aos EUA para gravar com um dos grandes mitos americanos, Frank Sinatra. O disco “Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim”, com arranjos de Claus Ogerman, incluiu versões em inglês das canções de Tom (“The Girl From Ipanema”, “How Insensitive”, “Dindi”, “Quiet Night of Quiet Stars”) e composições americanas, como “I Concentrate On You” de Cole Porter. Depois de lançar o disco “Wave”, com a faixa-título e “Triste, Lamento”, (entre outras instrumentais), participou de festivais no Brasil, conquistando o primeiro lugar no “III Festival Internacional da Canção” da TV Globo, com “Sabiá”, em parceria com Chico Buarque, interpretado por Cynara e Cybele, do “Quarteto em Cy”. “Sabiá” conquistou o júri, mas não todo o público, que em grande parte preferia que a vencedora fosse "Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores" (ou, como ficou mais conhecida popularmente, "Caminhando"), composta e interpretada por Geraldo Vandré, por seu conteúdo de confrontação à ditadura política por que passava o país. Assim, uma grande parte do público vaiou ostensivamente tanto a divulgação do resultado quanto toda a interpretação da vencedora, para constrangimento de seus compositores. Ao se apresentar como segundo colocado, Vandré, sentindo o clima pesado do ambiente, até tentou defender os vencedores. É reconhecida a influência de Debussy e Ravel na música do maestro Antônio Carlos Jobim, que utilizou motivos impressionistas e estruturas harmônicas semelhantes às desses compositores em suas músicas populares como nas eruditas, o caso de “A Sinfonia da Alvorada”. Uma das marcas de Tom era a incrível capacidade de dotar de leveza e elegância a complexidade e a densidade elevadas de suas composições. Admirador e influenciado por Villa Lobos e Ary Barroso, Jobim também estudou de modo aprofundado as obras de eruditos como Radamés Gnattali e Guerra Peixe. Tom Jobim, Vinícius e o estilo mais intimista da “Bossa Nova” abriram espaço para os compositores gravarem seus sucessos de modo frequente, pois se tornou importante conhecer a carga emocional pensada ou desejada pelos compositores para suas composições. Tom desejava intensamente que sua música fosse cantada pelo povo no cotidiano. Aprofundando seus estudos musicais, Tom Jobim prosseguiu gravando e compondo músicas vocais e instrumentais de rara inspiração, juntando harmonias do jazz (“Stone Flower”) e elementos tipicamente brasileiros, fruto de suas pesquisas sobre a cultura brasileira. É o caso de “Matita Perê” e “Urubu”, que marcam a aliança entre sua sofisticação harmônica e sua qualidade de letrista. São desses dois discos “Águas de Março”, “Ana Luiza”, “Lígia”, “Correnteza”, “O Boto” e “Ângela”. Também nessa época gravou discos com outros artistas, como “Elis & Tom”, com Elis Regina, Miúcha e “Tom Jobim e Edu e Tom” com Edu Lobo. Se valendo ainda do filão engajado do pós-regime militar, Tom Jobim cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de “We Are The World”, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou “USA For Africa”. O projeto “Nordeste Já” abraçou a causa da seca nordestina, unindo cento e cinquenta e cinco vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções “Chega de Mágoa” e “Seca d´Água”. Elogiado pela competência das interpretações individuais foi, no entanto, criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro. Tom Jobim lançou “Passarim” obra de um compositor já consagrado, que pode desenvolver seu trabalho sem qualquer receio, acompanhado por uma banda grande, a “Banda Nova”. Além da faixa-título, “Gabriela”, “Luiza”, “Chansong”, “Borzeguim” e “Anos Dourados” (com Chico Buarque) são os destaques. Tom Jobim foi enredo da “Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira”. Seu último álbum, “Antônio Brasileiro” foi lançado pouco antes da sua morte. Algumas biografias foram publicadas, entre elas “Antônio Carlos Jobim, Um Homem Iluminado” de sua irmã Helena Jobim, “Antônio Carlos Jobim - Uma Biografia” de Sérgio Cabral, “Tons Sobre Tom” de Márcia Cezimbra, Tárik de Souza e Tessy Callado e “Tom Jobim - Histórias de Canções” de Wagner Homem e Luiz Roberto Oliveira. O “Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro” foi renomeado “Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão - Antônio Carlos Jobim” junto ao “Congresso Nacional” por uma comissão de notáveis, formada por Chico Buarque, Oscar Niemeyer, João Ubaldo Ribeiro, Antônio Cândido, Antônio Houaiss e Edu Lobo, criada e pessoalmente coordenada pelo crítico Ricardo Cravo Albin. Tom Jobim morreu de parada cardíaca, quando estava se recuperando de um câncer de bexiga.