Ricardo Eugênio Boechat
(Buenos Aires/ARGENTINA, 13 de julho de 1952)
(São Paulo/SP, 11 de fevereiro de 2019).
Ricardo Boechat foi um jornalista, âncora, escritor, apresentador de telejornais e locutor de rádio brasileiro. Boechat esteve presente nos principais jornais do país, como “O Globo”, “O Dia”, “O Estado de S. Paulo” e “Jornal do Brasil”. Seu último trabalho na comunicação foi no “Grupo Bandeirantes de Comunicação”, onde estava desde que começou como âncora do noticiário matinal “BandNews FM” - inicialmente no bloco local da filial carioca, passando depois para a apresentação da faixa matinal da rede, quando também passou a ancorar o “Jornal da Band” na TV Bandeirantes. Boechat também assinava uma coluna semanal na revista “ISTO É”. Boechat venceu por três vezes o “Prêmio Esso”, além de ter recebido oito vezes o “Prêmio Comunique-se”, tendo sido o maior vencedor da história do prêmio e o único a vencer em três categorias (âncora de rádio, colunista de notícia e âncora de TV). Boechat venceu ainda o “Trofeu Imprensa” como melhor apresentador de telejornal e o “Prêmio Contigo” de melhor âncora de telejornal. Filho de um diplomata brasileiro e da argentina Mercedes Carrascal, Ricardo Boechat iniciou a carreira como repórter do extinto jornal “Diário de Notícias”, na mesma época em que iniciou a carreira de colunista, colaborando com a equipe de Ibrahim Sued. Ricardo Boechat foi para o jornal “O Globo” e ainda ocupou por seis meses a secretaria de “Comunicação Social” no governo Moreira Franco no Rio de Janeiro. Ricardo Boechat estreou no “Grupo Bandeirantes de Comunicação” como comentarista do “Jornal da Noite”, mas ganhou reconhecimento nacional através da “BandNews FM” quando passou a ancorar o jornalístico matinal da filial do Rio de Janeiro. Em seguida, Boechat passou a ser âncora do principal jornalístico das manhãs da rede após a saída de Carlos Nascimento - consequentemente, foi alçado como âncora do “Jornal da Band”, na TV Bandeirantes. Boechat logo se tornou uma das principais figuras da rádio e da TV. Mesmo com a mudança para São Paulo, o jornalista continuou apresentando o jornalístico local do Rio de Janeiro diretamente dos estúdios na capital paulista. Ao participar de reportagens na guerra pelo controle das companhias telefônicas no Brasil, a sua participação foi citada em reportagem publicada na revista “Veja”. O colunista foi demitido de “O Globo” e da Rede Globo, onde tinha uma coluna no “Bom Dia Brasil” quando a revista publicou trecho de um grampo telefônico em que revelava ao jornalista Paulo Marinho o conteúdo das matérias que foram publicadas pelo jornal. A decisão dos diretores da empresa foi unânime. Eles alegaram que o comportamento do jornalista feria o código de ética da empresa. Marinho trabalhava para Nelson Tanure, principal acionista do “Jornal do Brasil” e aliado da “TIM”, empresa que disputava o controle da “Telemig Celular” e “Tele Norte Celular” em confronto com o banqueiro Daniel Dantas. O escândalo revelou alguns dos métodos empregados nas guerras pelo controle das companhias telefônicas, na qual ocorriam grampos a jornalistas, notícias plantadas e envolvimento de grupos poderosos. Nos últimos anos antes da demissão, o jornalista, com sua coluna em “O Globo”, a mais lida do jornal, se transformou num dos mais influentes jornalistas do país. Ricardo Boechat deu início ao primeiro escândalo de quebra do sigilo do painel do “Senado Federal”, quando revelou falhas de segurança no painel do Senado. Pouco depois, disse que a senadora Heloísa Helena teria traído o “Partido dos Trabalhadores” em votação que cassou o mandato do senador Luís Estêvão. Antes da demissão, deixou claro ter uma cópia da lista de votação. Mesmo assim (ou por isso), ele não foi inquirido pelo “Conselho de Ética” do Senado por não ser político. Boechat e o pastor Silas Malafaia protagonizaram uma discussão de grande repercussão. Tudo começou quando o jornalista decidiu comentar em seu programa no “BandNews FM”, sobre a onda de crimes causada pela intolerância religiosa, afirmando que "Os evangélicos são uma massa monumental de brasileiros, sempre ficam muito sensíveis quando se faz alguma crítica que generalize a abordagem. E nesse sentido, eu quero deixar bem claro que essa crítica é uma crítica muito dirigida a pastores e algumas igrejas neopentecostais e alguns grupos específicos dentro de algumas agremiações religiosas que estão estimulando e levando a cabo ações de hostilidade contra outras religiões, especialmente as religiões de origem africana". Esse trecho despertou a fúria de Silas Malafaia, que se sentiu ofendido e, por meio do Twitter, escreveu que o jornalista estava falando asneira e também o chamou de idiota. Ao ver as mensagens do pastor, enquanto falava ao vivo pela “BandNews FM” Fluminense, Boechat resolveu responder às acusações: “Malafaia, vai procurar uma rôla. Você é um idiota, um paspalhão, pilantra, tomador de grana de fiel, explorador da fé alheia. Você gosta muito é de palanque, mas não vou te dar porque tu é um otário, um paspalhão. Você é um homofóbico, uma figura execrável, horrorosa, que toma dinheiro das pessoas. Você é rico porque toma dinheiro das pessoas pregando salvação depois da morte. Meu salário, meus patrimônios, vêm do meu suor, não do suor alheio. Você é um charlatão, cara. Que usa o nome de Deus e de Cristo para tomar dinheiro dos fiéis. Você é um tomador de grana. Você e muitos outros. Não tenho medo de você não, seu otário!”. Depois, completou: "É no âmbito de igrejas neopentecostais que estão acontecendo atos de incitação a intolerância religiosa, mais do que em outros ambientes", mas garantiu que não estaria fazendo nenhuma generalização, como Malafaia insinuara, citando o exemplo, a seu ver positivo, do pastor João Melo da “Igreja Batista de Vila da Penha”. Silas Malafaia passou o dia escrevendo mensagens a Ricardo Boechat, além de ter gravado um vídeo para retrucar o jornalista. No vídeo ele acusa Boechat de perder a linha, dizendo que ele não foi imparcial aos ataques contra os cristãos na “Parada Gay” de São Paulo. O pastor também ameaçou processar o jornalista, bem como desafiou Boechat para um confronto cara a cara em algum programa. Malafaia também acusa o jornalista de não ter moral e alegou que a mãe da menina atacada na saída do terreiro seria frequentadora da sua igreja. Para completar, disse que Boechat “dá chilique no microfone quando não gosta de alguma coisa”. Ele também reafirmou que iria intimar o jornalista na justiça. Posteriormente, em audiência judicial, ambos se retrataram. Ricardo Boechat foi casado com Cláudia Costa de Andrade com quem teve quatro filhos, Beatriz, Rafael, Paula e Patrícia e estava casado com a jornalista Veruska Seibel com quem teve duas filhas, Valentina e Catarina. Ricardo Boechat morreu tragicamente na queda de um helicóptero que o trazia de Campinas para São Paulo, depois de realizar uma palestra na cidade do interior paulista. A aeronave caiu na via Anhanguera, se chocando com um caminhão e se incendiando. Também morreu no acidente o piloto da aeronave. O motorista do caminhão teve apenas ferimentos leves.